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Álvaro Vital Brazil

Foto do escritor: ACR 113ACR 113



biografia


Álvaro Vital Brazil nasceu em primeiro de fevereiro de 1909 na capital paulista, Álvaro Vital Brazil era filho do primeiro casamento do médico e cientista brasileiro, Vital Brazil Mineiro da Campanha (1865-1950) e de Maria da Conceição Philippina de Magalhães Brasil (1877-1913). Estudou Arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes e também graduou-se em Engenharia Civil na Escola Politécnica do Rio em Janeiro, ambos cursos concluídos em 1933.

Após concluir sua graduação atuou em 2 (dois) escritórios de Engenharia, e lá conheceu o também arquiteto Adhemar Marinho (1911-2000) que firmaram uma parceria, com a elaboração de projetos primeiramente residenciais mas que depois alcançaram um destaque maior após a vitória em um concurso promovido pela Usina de Açúcar Esther, de projeto de edificação de Uso Misto em 1936 com o Edifício Esther na cidade de São Paulo (SP). Tal projeto foi revolucionário na época por ser um dos primeiros prédios modernistas de São Paulo que seguia o design Corbusiano (com características da janela em fita com esquadrias de metal, pilotis elevado…). Enquanto residia em São Paulo, Álvaro Vital participou dos CIAM (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna) e foi membro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), tais coligações fizeram com que seus trabalhos fossem publicados nos principais veículos de divulgação de Arquitetura Modernista Brasileira, como a revista da EnBA.

O seu caráter Moderno lhe concedeu grande destaque não só no cenário nacional como também no cenário da arquitetura mundial, tendo três de seus trabalhos como o Ed. Esther que está localizado em São Paulo, capital no Brazil Builds: architecture new and old na cidade do Museu de Arte Contemporânea de Nova York em 1940. Aos 88 anos, no dia 9 de agosto de 1997, Álvaro Vital Brazil veio a óbito na cidade do Rio de Janeiro, capital do estado do Rio de Janeiro.



Lista de projetos

  • 1936-1938 - Edifício Esther - São Paulo, SP;


  • 1936-1938 - Edifício Arthur Nogueira - São Paulo, SP;

  • 1940 - Residência de Álvaro Vital - Santa Teresa, RJ (Figura 2);

Figura 2: Foto da Ressidência de Álvaro Vital Brazil. Disponível em: https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2012/02/06/lvaro-vital-brazil/.
Figura 2: Foto da Ressidência de Álvaro Vital Brazil. Disponível em: https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2012/02/06/lvaro-vital-brazil/.

  • 1942-1943 - Instituto Vital Brazil - Niterói, RJ (Figura 3);

    Figura 3: Foto do Instituto Vital Brazil. Disponível em: https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2012/02/06/lvaro-vital-brazil/
    Figura 3: Foto do Instituto Vital Brazil. Disponível em: https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2012/02/06/lvaro-vital-brazil/
  • 1946 - Edifício Clemente de Faria - Belo Horizonte, MG;

  • 1947 - Edifício Sede do Jockey Club Brasileiro - Rio de Janeiro, RJ (Figura 4);

    Figura 4: Imagem do Projeto do Edifício Sede do Joackey Clube Brasileiro. Disponível em: https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2012/02/06/lvaro-vital-brazil/
    Figura 4: Imagem do Projeto do Edifício Sede do Joackey Clube Brasileiro. Disponível em: https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2012/02/06/lvaro-vital-brazil/


  • 1958 - Casa Oswaldo Sant’anna Jr. - São Paulo, SP;


  • 1960 - Edifício Residencial - Rua Prudente de Morais, Rio de Janeiro, RJ;

  • 1964 - Casa Cláudio Jessorow - Rio de Janeiro, RJ;

  • 1964 - Casa Moacyr S. Brasil - Rio de Janeiro, RJ;

  • 1964 - Casa Fernando Neves Magalhães - Rio de Janeiro, RJ.


    análise projetual


    edifício esther

Ficha Técnica

  • Endereço: R. José Maria Lisboa - Jardim Paulista, São Paulo - SP.

  • Cliente: Usina de Açúcar Ester

  • Tipologia de uso: Residencial e Comercial 

  • Padrão Arquitetônico: Modernismo

  • Ano de Início de Obras: 1936

  • Ano de conclusão: 1938

  • Área do terreno: 2.100m²

  • Área Construída: 10.000m²

  • Número de pavimentos: 11

    Figura 5: Foto do Edifício Esther
    Figura 5: Foto do Edifício Esther


Localizado no Centro de São Paulo, na Praça da República, o Edifício Esther projetado por Álvaro Vital foi 1° lugar no concurso de propostas para o edifício de Uso Misto da Usina de Açúcar Esther em 1936, que teve suas construções iniciadas no mesmo ano e finalizadas em 1938. Pioneiro da Arquitetura do Movimento Moderno em São Paulo e um dos primeiros exemplos de verticalização na Praça da República. 


Após a mudança de endereço da Usina Açucareira em 1965, o Edifício Esther foi passando por um processo de descaracterização até que, na década de 80, foi quase demolido. Felizmente, devido sua importância histórica para a cidade de São Paulo, o edifício foi tombado em 1988. Atualmente, o Edifício Esther mantém a característica de um prédio com o uso misto, contando com restaurantes em sua cobertura e diversos escritórios espalhados ao longo de suas instalações.


o esther e o "estherzinho"

Figura 6: Edifício Arthur Nogueira ao lado do Edifício Esther
Figura 6: Edifício Arthur Nogueira ao lado do Edifício Esther

Também projeto de Álvaro Vital Brazil, o Edifício Arthur Nogueira, popularmente chamado de “Estherzinho”, já era concebido pelo arquiteto desde as etapas iniciais de desenvolvimento do Edifício Esther, uma vez que a Rua Gabus Mendes, que separa as duas instalações, já tinha sido definida previamente, e atua como uma espécie de ”edifício moldura” em relação ao Esther.


Este esquema de disposição entre os dois edifícios permitiu que o Esther se dispusesse de ventilação e iluminação em todos os seus quatro cantos externos, e ainda aparecesse como se “solto no lote”, ao não ocupar os limites das construções vizinhas, prática altamente difundida pelo Movimento Moderno, tudo isso enquanto se aproveitava uma porcentagem maior da área do terreno.

Figura 7: Corte Transversal do Conjunto Esther e Arthur Nogueira
Figura 7: Corte Transversal do Conjunto Esther e Arthur Nogueira

Figura 8: Planta dos Pavimentos "Térreo" do Edifício Esther e Arthur Nogueira
Figura 8: Planta dos Pavimentos "Térreo" do Edifício Esther e Arthur Nogueira

Outro ponto importante é a criação de uma espécie de “galeria aberta” nos contornos dos edifícios, e o maior fluxo de pessoas que isso gera, impulsionando, assim, toda a área comercial do pavimento térreo.


Análise da Obra


Apesar da pouca variação de formas perceptível no exterior do edifício, é possível identificar a mudança dos setores comercial e residencial através da inclusão de sacadas, a partir do 4° pavimento na fachada norte, que se voltam para a Praça da República. O mesmo já não se repete com os apartamentos da fachada sul, situada apenas a 10 metros de distância do edifício vizinho, o Arthur Nogueira.

Figura 9: Detalhes da Fachada Norte do Edifício Esther. Disponível em: Descubra Sampa
Figura 9: Detalhes da Fachada Norte do Edifício Esther. Disponível em: Descubra Sampa

Toda a estrutura do edifício foi pensada por Vital Brazil de modo a alcançar o máximo de flexibilidade na disposição de itens internos, possibilitando, assim, que ocorram modificações em tipos de apartamentos, transformações em escritórios e mudanças na disposição do comércio, conforme a necessidade.

 

Enquanto no pavimento térreo se concentra a área comercial do edifício, os três primeiros pavimentos são destinados exclusivamente ao uso de escritórios, inicialmente com um total de 23 módulos por andar, todos acesso à água encanada e energia elétrica, podendo ser ampliados, se necessário. Já nos demais pavimentos, estão localizadas as áreas residenciais, que se distribuem da seguinte maneira: apartamentos de um ou dois quartos, no quarto pavimento; apartamentos de dois ou três quartos, do quinto ao oitavo; apartamentos de tipo “duplex”, ao lado de outros de um ou três quartos, no nono e décimo pavimento. Por fim, a cobertura conta com dois apartamentos rodeados por um terraço-jardim semiaberto, onde atualmente se encontra um restaurante.



Figura 10: Corte Esquemático do Edifício Esther, por Luiz Carlos Daher
Figura 10: Corte Esquemático do Edifício Esther, por Luiz Carlos Daher

O térreo sobre pilotis, como visto nas plantas, possibilita um grande vão que permite que o prédio seja acessado por três ruas do entorno. Vale lembrar que essas inovações só foram possíveis graças ao uso do concreto armado em suas instalações, sendo este o edifício de uso comercial pioneiro desta técnica no Brasil.


Ainda sobre o térreo, nota-se também, de imediato, o caráter de centralidade disposto pelo hall principal do edifício, onde se encontram os elevadores e as escadas. Assim, três dos quatro cantos deste pavimento ficam destinados ao comércio, garantindo uma maior proximidade com as ruas, enquanto o canto restante abriga a rampa de acesso à garagem, localizada no subsolo.


Figura 11: Planta pavimento térreo com acessos sinalizados. Teses USP: Fernando Atique: Mémoria de um Projeto Moderno
Figura 11: Planta pavimento térreo com acessos sinalizados. Teses USP: Fernando Atique: Mémoria de um Projeto Moderno

Figura 12: Planta do 1° ao 3° pavimento, pavimento corporativo
Figura 12: Planta do 1° ao 3° pavimento, pavimento corporativo

Figura 13: Circulação do 4° pavimento, pavimento residencial
Figura 13: Circulação do 4° pavimento, pavimento residencial

Figura 14: Planta da Cobertura
Figura 14: Planta da Cobertura

Um ponto importante a respeito da circulação vertical do edifício é o acesso irrestrito, através de todos os pavimentos, que garantem as escadas e os elevadores. Nos apartamentos, especificamente, o acesso a sua área “nobre” ocorre através dos elevadores 1, 3 e 5 (os dois do canto e o do meio); já para a área de serviço, através dos elevadores 2 e 4. Este fato pode ser especialmente problemático em prédios que se valem de um uso misto, isto é, em que se mesclam atividades públicas e privadas, como no caso do Edifício Esther, fazendo-se necessário o uso de sinalizações e de um direcionamento humano, a fim de evitar possíveis problemas. 


Por fim, vale ressaltar o recurso utilizado por Álvaro Vital Brasil para aumentar a incidência de luz nos apartamentos, isto é, a adição de “poços de iluminação” no interior do edifício a partir do 4° pavimento, indicado na planta pelas quatro áreas hachuradas situadas entre os elevadores e acessos aos apartamentos; comparando com a planta da cobertura, percebe-se claramente a correspondência desses espaços.



edifício clemente faria


Ficha Técnica:


  • Endereço: Av. Afonso Pena, 726 - Centro, Belo Horizonte - MG

  • Tipologia de uso: Comercial 

  • Padrão Arquitetônico: Modernismo

  • Ano de conclusão: 1963

  • Área do terreno: 2.042m²

  • Área Construída: 30.320m²

  • Número de pavimentos: 18



Figura 15: Edifício Clemente Faria
Figura 15: Edifício Clemente Faria

O Edifício Clemente de Faria está localizado na Avenida Afonso Pena, n° 726 em Belo Horizonte, Minas Gerais, e teve sua construção iniciada em 1946 e finalizada em 1950, para o cliente Banco da Lavoura de Minas Gerais. Tal edificação foi campeã na Primeira Bienal de Arquitetura de São Paulo. 


Originalmente construído para sediar o Banco da Lavoura de Minas Gerais, o edifício manteve este uso até 1971, ano da dissolução do banco, dividido entre seus herdeiros. Atualmente, o Edifício Clemente de Faria ainda cumpre com sua função comercial, servindo como sede para diversas empresas no centro da capital mineira.


A edificação nasce com base no estilo modernista, que pode ser caracterizado pelo uso do concreto armado, aço, vidro e as linhas retas, pontos marcantes na obra de Álvaro Vital. Conta com acesso livre no térreo e o seu uso é majoritariamente para escritórios.


Figura 16: Planra do Primeiro Pavimento (Esquerda) e planta dos 18 andares tipo (Direita)
Figura 16: Planra do Primeiro Pavimento (Esquerda) e planta dos 18 andares tipo (Direita)

Além disso, um elemento extremamente interessante que chama atenção na estrutura é o “quebra-sol”, que foi desenhado por Vital e desenvolvido pela primeira vez por uma indústria de amianto-cimento.  O elemento possuía 3m de altura e apenas 1cm de espessura, mas se engana quem pensa que se trata de um elemento frágil! Foi projetado para estar apoiado em dois pontos e girar em eixo vertical para proteger as salas comerciais do excesso da incidência solar em determinadas horas do dia e aumentar a sua eficiência e resistência. 



Figura 17: Brises projetados por Álvaro Vital Brazil
Figura 17: Brises projetados por Álvaro Vital Brazil

É o caso também dos brises-soleil da edificação, que foram pensados e projetados por Vital e produzidos por uma indústria de chapas de fibro-cimento, um material que era muito utilizado naquela época.


Figura 18: Foto dos Brizes da fachada
Figura 18: Foto dos Brizes da fachada


Referências Bibliográficas


VITAL, Álvaro. Álvaro Vital - Brazil. Arquivo ARQ, [s.d.]. Disponível em: https://arquivo.arq.br/profissionais/alvaro-vital-brazil. Acesso em: 17 dez. 2024.

VITAL, Álvaro. Álvaro Vital - Brazil. Coisas da Arquitetura, 6 fev. 2012. Disponível em: https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2012/02/06/lvaro-vital-brazil/. Acesso em: 17 dez. 2024.


ARQHB. EDIFICIO CLEMENTE FARIA. Disponivel em: https://www.arqbh.com.br/2007/06/edifcio-clemente-faria-banco-da-lavoura.html. Acesso em: 17 dez. 2024.


DREBES, Fernanda Jung. O edifício de apartamentos e a arquitetura moderna. Dissertação de Mestrado. Rio Grande do Sul: Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2004.


ATIQUE, Fernando. Memória de um projeto moderno: a idealização e a trajetória do Edifício Esther. 2002. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Carlos,  2002.  Disponível em:  https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18131/tde-15032021-203341/publico/DissertAtiqueFernandoCorrig.pdf Acesso em: 03 fev. 2025.


 
 
 

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