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Fábio penteado

Foto do escritor: ACR 113ACR 113

Fábio Penteado (1929-2011) foi um renomado arquiteto e urbanista brasileiro, formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1953, destaque na arquitetura moderna com seu estilo brutalista. Penteado, sendo influenciado por mestres como Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha, dedicou sua vida a projetar espaços que não apenas refletiam a estética moderna, mas também promoviam a integração social, sustentabilidade, e sempre em defesa de uma arquitetura que dialogasse com as necessidades humanas e o meio ambiente. Seu trabalho foi marcado por uma abordagem multidisciplinar, incorporando elementos de urbanismo, design e ecologia, muito antes de essas práticas se tornarem tendência global. 


Além da sua atuação como arquiteto, ele também lecionou na FAU-USP por décadas, influenciando gerações de arquitetos com seus pensamentos crítico, defendendo uma arquitetura mais inclusiva e consciente. Ele era um defensor da preservação do patrimônio histórico, cultural e que entendia que arquitetura não era apenas sobre construir o novo, mas também sobre valorizar e integrar o passado. 

 

Figura 1: Fábio Penteado. Fonte: Arquivo Arq
Figura 1: Fábio Penteado. Fonte: Arquivo Arq

Características projetuais: 


Sua abordagem à arquitetura era marcada por uma combinação de funcionalidade, estética moderna e sensibilidade social. Ele acreditava que a arquitetura deveria servir às pessoas, especialmente às comunidades mais vulneráveis, e seus projetos frequentemente priorizavam a criação de espaços acessíveis, funcionais e dignos. 

Além de sua preocupação com o aspecto social, Penteado também era atencioso na questão de integração com o meio ambiente, seus projetos buscavam harmonizar com a paisagem, utilizando materiais locais e técnicas que minimizassem o impacto ambiental, ele acreditava que a arquitetura não deveria dominar a natureza, mas sim coexistir com ela, criando um equilíbrio. 


Esteticamente, era influenciado pelo movimento modernista, adotando linhas limpas, formas geométricas e funcionalidade em seus projetos. No entanto, ele também incorporava elementos regionais e culturais, criando uma arquitetura que dialogava com a identidade local. Essa mistura de modernidade e tradição conferia singularidade às suas obras, tornando-as ao mesmo tempo contemporâneas e enraizadas no contexto brasileiro. E falando sobre seu estilo brutalista, ele gostava bastante de se utilizar do concreto aparente, concreto armado e de grandes coberturas. 


 

Prêmios: 


  • Prêmio Governador do Estado – Governo do Estado de São Paulo (1954); 

  • Prêmio Bandeirante – IAB-SP (1955); 

  • Grande Colar de Mérito - Instituto de Arquitetos do Brasil; 

  • Membro Honorário - Colégio dos Arquitetos do Peru (1969); 

  • Membro Honorário - American Institure of Architects (1973); 

  • Medalha do Mérito - CONFEA (2001). 


 

1948  

Residência Domingos Solha - 1º projeto 

Campinas, SP                       

Construído: sim                        

 

1951  

Edifício Residencial Itacolomi 

São Paulo - São Paulo 

Construído: sim  

 

1953  

Edifício Residencial - Alameda Franca 

São Paulo - São Paulo 

Construído: sim 

 

Hotel São Carlos - Concurso 2º lugar 

São Carlos – SP 

Construído: sim  

 

1954 

Estação de Tratamento de Água 

São B do Campo, SP 

Construído: não 

 

Figura 2 - Estação de Tratamento de Água. Fonte: Arquivo Arq
Figura 2 - Estação de Tratamento de Água. Fonte: Arquivo Arq

 

Sede do Clube Campineiro 

Campinas, SP 

Construído: não 

 

1956 

Estação de Tratamento de Água II 

Campinas. SP 

Construído: sim 

 

Paço Municipal - Concurso 5º lugar 

Campinas. SP 

Construído: não 

 

1958 

Hotel Praia do Peró 

Cabo Frio, SP 

Construído: não 

 

Sede da Sociedade Harmonia de Tênis - 1º lugar 

São Paulo, SP 

Construído: não 

 

1959 

Edifício Residencial - Rua Dona Veridiana 

São Paulo, SP 

Construído: não 

 

Centro de Abastecimento de Autopeças 

São Paulo, SP 

Construído: não 

 

1960 

Fórum de Araras 

Araras, SP 

Construído: sim 

 

Grupo Escolar Vila Stanislau 

Campinas, SP 

Construído: sim 


Escola Técnica de Química - Cons. Antônio Prado 

Campinas, SP 

Construído: sim 

 

Unidade Sanitária 

Campinas, SP 

Construído: sim 

 

Museu do Café 

Campinas, SP 

Construído: sim 

 

Figura 3: Museu do café. fonte: Tripadvisor
Figura 3: Museu do café. fonte: Tripadvisor

 

1961 

Teatro Municipal 

Piracicaba, SP 

Construído: não 

 

Instituto de Eletrotécnica - Universidade de São Paulo 

São Paulo, SP 

Construído: não 

 

1962 

Sede do Clube de Campo do Jockey Clube - 2º lugar 

Campinas, SP 

Construído: não 

 

Cidade dos Doqueiros 

Santos, SP 

Construído: não 

 

Monumento de Playa Girón - Conc. Intern. 2º lugar 

Cuba 

CONCURSO 

Conjunto Habitacional Bairro do Limão 

São Paulo, SP 

Construído: não 

 

1963 

Cooperativa dos Funcionários do Jockey Clube 

São Paulo, SP 

Construído: sim 

 

1964 

Sede do Clube XV - Concurso 2º lugar 

Santos, SP 

Construído: não 

 

Sede da Sociedade Harmonia de Tênis - 1º lugar 

São Paulo, SP 

Construído: sim 

 

Figura 4: Sede da Sociedade Harmonia de Tênis (fonte: arquivo arq)
Figura 4: Sede da Sociedade Harmonia de Tênis (fonte: arquivo arq)

 

1965 

Catedral Presbiteriana - Concurso 

Brasília, SP 

Construído: não 

 

Complexo Turístico de San Sebastián - Conc. Inter. 

Espanha 

Construído: não 

 

Monumento Comemorativo aos Trinta Anos 

Goiânia, GO 

Construído: não 

 

Mercado do Portão - Concurso 

Brasília, DF 

Construído: não 

 

1966 

Residência Sondeyker 

São Paulo, SP 

Construído: sim 

 

Estação de Tratamento de Água II 

Campinas, SP 

Construído: não 

 

Teatro de Ópera - Concurso 2º lugar 

Campinas, SP 

Construído: não 

 

Estação de Tratamento de Água 

Pirassununga, SP 

Construído: não 

 

1967 

Conjunto Hab. Zezinho Prado - Parque Cecap 

Guarulhos, SP 

Construído: sim 

 

Centro de Convivência Cultural 

Campinas, SP 

Construído: sim 

 

 

Figura 5: Centro de Convivência Cultural. Fonte: arquivo arq
Figura 5: Centro de Convivência Cultural. Fonte: arquivo arq

 

1967 

Conjunto Hab. Zezinho Prado - Parque Cecap 

Guarulhos, SP 

Construído: sim 

 

1968 

Hospital-Escola - Santa Casa 

São Paulo, SP 

Construído: sim 

 

Secretaria da Agricultura - Concurso 5º lugar 

São Paulo, SP 

Construído: não 

 

Hotel Palácio dos Azulejos 

Campinas, SP 

Construído: não 

 

Estação de Tratamento de Água III 

Campinas, SP 

Construído: não 

 

Parque dos Anciãos 

Campinas, SP 

Construído: não 

 

1969 

Escola Técnica de Vila Alpina 

São B do Campo, SP 

Construído: sim 



 


Principais Projetos: 


SEDE DA SOCIEDADE HARMONIA DE TÊNIS (1964) 


Figura 6: Vista da fachada frontal do clube Harmonia, com os painéis móveis de fechamento lateral. Fonte: Acervo do Arquivo Fábio Penteado        
Figura 6: Vista da fachada frontal do clube Harmonia, com os painéis móveis de fechamento lateral. Fonte: Acervo do Arquivo Fábio Penteado        

 

Ficha Técnica  

 

Cliente:  Sociedade Harmonia de Tênis 

Local: Rua Canadá, 658 - Jardim América, São Paulo - SP 

Data de início de projeto: 1964 

Data de conclusão da obra: 1970 

Tipologia de uso: Recreativa  

Padrão arquitetônico: Arquitetura Moderna/ Brutalismo 

Área de intervenção: ≅ 2.500m² 

Arquitetura: Fabio Penteado, Alfredo Paesani e Teru Tamaki 

Estrutural: Cálculo: Oswaldo de Moura Abreu, Waldemar Tietz e Nelson de Barros Camargo, Sociedade Civil Ltda. Execução: Construtora Dumez. 

Interiores: Arq. Cesar Luiz Pires de Mello 

 

Panorama 


A Sede da Sociedade Harmonia de Tênis, projeto assinado por Fábio Penteado, Alfredo Paesani e Teru Tamaki, é localizada na Rua Canadá, no bairro Jardim América, um dos bairros mais nobres e elitizados da cidade de São Paulo, na região conhecida como Jardins. O clube, fundado em 1930, é uma tradicional associação paulista idealizada para a prática de tênis e bridge entre outras atividades recreativas. Em 1958 o clube, juntamente com o Instituto de Arquitetos do Brasil, abriu concurso para nomear um projeto para sua nova sede, pensando no número crescente de sócios, o arquiteto e também sócio, Fábio Penteado foi o vencedor, mas o projeto não foi aplicado. Após a abertura de um novo concurso em 1964, Penteado e seus colaboradores vencem novamente e as obras começam no mesmo ano. Sua inauguração aconteceu oficialmente no ano de 1970 e seu tombamento foi aprovado em 1992 pelo CONDEHAAT após 10 anos de processo. 

 

A sociedade contava com um terreno de 21.000 m², os recuos e afastamentos foram exigidos pela Cia. City. O projeto considerava a execução da obra em 2 fases, o que não foi aplicado, totalizando 2.072,00m² de área construída total, foram feitas ampliações posteriores à entrega final da obra. A arquitetura do clube Harmonia mistura elementos da Escola Paulista para criar um espaço público acolhedor e flexível, dividido em três pavimentos, um mezanino e um subsolo, que atende tanto grandes aglomerações quanto momentos de intimidade. Com uma estrutura aberta e fluida, o projeto integra interiores e exteriores, utilizando luz natural e variações de níveis para proporcionar áreas de sociabilidade sem perder a unidade. Essa abordagem reflete a tendência dos anos 60 de revalorização do espaço público, equilibrando a privacidade e a acessibilidade, e convidando à interação sem comprometer o conforto. 

 

Estrutura 


O edifício é construído com concreto armado aparente e uma cobertura plana em grelha, sustentada por 12 pilares cruciformes posicionados nas bordas. A estrutura é projetada com uma malha ortogonal que distribui as vigas e pilares de forma cadenciada, criando um espaço livre de apoios centrais. A leveza visual é obtida pela separação dos pilares da cobertura, uma solução que remete a outros projetos de arquitetos como Paulo Mendes da Rocha. Internamente, a disposição dos pilares e lajes nervuradas garante flexibilidade e estabilidade, enquanto a forma horizontal do edifício, sem fachadas monumentais, segue a filosofia de Artigas, focando na complexidade dos espaços internos e na harmonia com o ambiente. A Laje nervurada conta com aberturas zenitais fechadas em acrílico que ajudam a compor a iluminação diurna. 

 

 

Área externa 

 

O edifício-sede se integra suavemente ao bairro, respeitando os parâmetros urbanos locais, com dois andares acima do solo e sem muros ou cercas que separam o público da entrada. Sua arquitetura moderna chama a atenção de forma sutil, não pelo brilho ou ostentação, mas pela forma como se mistura ao ambiente. Na parte frontal, um jardim com rampas e escada central oferece acesso aos carros, enquanto as vagas de estacionamento são dispostas ao lado da rua. A fachada, simples e elegante, é marcada por brises metálicos alaranjados que dão movimento, contrastando com as linhas retas e sólidas da construção. O interior é projetado para ser fluido e acolhedor, com um caminho contínuo que conecta os espaços sociais, criando uma sensação de amplitude e harmonia. Cada detalhe, como a luz natural que entra pelas aberturas e os materiais cuidadosamente escolhidos, convida à exploração e à experiência do espaço. O edifício não busca impressionar pela grandiosidade, mas pela sua capacidade de oferecer um ambiente confortável e funcional, onde as pessoas podem se reunir e vivenciar momentos de convivência, longe das convenções dos clubes tradicionais. 

 


Figura 7: Piscina em uso. Fonte: Acervo do Arquivo Fábio Penteado
Figura 7: Piscina em uso. Fonte: Acervo do Arquivo Fábio Penteado

 

 

Área Interna 

 

Figura 8: Planta Térreo e Mezanino. Fonte: Acervo do Arquivo Fábio Penteado  
Figura 8: Planta Térreo e Mezanino. Fonte: Acervo do Arquivo Fábio Penteado  
Figura 8: Planta Térreo e Subsolo. Fonte: Acervo do Arquivo Fábio Penteado
Figura 8: Planta Térreo e Subsolo. Fonte: Acervo do Arquivo Fábio Penteado

Figura 9: Cortes. Fonte: Acervo do Arquivo Fábio Penteado.
Figura 9: Cortes. Fonte: Acervo do Arquivo Fábio Penteado.

 

 

O projeto do clube foi pensado de forma a oferecer uma experiência fluida e agradável, distribuída por diferentes níveis. No térreo (cota +0,90m em relação à rua), está localizada a área de entrada, que conta com um acesso mais controlado e um ambiente com pé-direito de 2,50m, criando uma sensação de passagem acolhedora. Aqui também ficam a secretaria, a sala de leitura e as áreas administrativas. Esse andar se conecta ao subsolo, uma área destinada exclusivamente aos serviços, onde ficam a portaria, os banheiros e vestiários dos funcionários, além de uma cozinha de apoio que serve ao salão de eventos e ao auditório, que têm 154 lugares. Subindo para o segundo patamar (cota +2,425m), encontramos uma sala de estar espaçosa e a área de refeições do restaurante, com um ambiente agradável e integrado à copa. Esse nível também se conecta ao mezanino, aos jardins externos e aos banheiros, criando uma fluidez no espaço. O terceiro patamar (cota +3,325m) oferece uma área para o bar, com uma sala de estar ampla e uma varanda coberta, além das mesas externas do restaurante, que ficam ao lado da piscina. No mezanino (cota +3,90m), encontramos um espaço mais reservado, ideal para a prática de bridge, com um bar e sanitários exclusivos. O pé-direito reduzido de 2,20m e a privacidade proporcionada pelos brises e painéis móveis garantem um ambiente íntimo, que pode ser facilmente adaptado para eventos.  

 

 


Figura 10: Perspectiva interna Térreo. Fonte: Acervo de Fábio Penteado
Figura 10: Perspectiva interna Térreo. Fonte: Acervo de Fábio Penteado

 



Figura 11: Perspectiva interna Térreo. Fonte: Acervo de Fábio Penteado
Figura 11: Perspectiva interna Térreo. Fonte: Acervo de Fábio Penteado

 

 

Cada nível foi cuidadosamente planejado para equilibrar áreas de convivência e de serviço, o projeto contou com projeto acústico do arquiteto Igor Sresnewsky(1913-1996), estudo de cores feito pelo artista plástico Antônio Maluf (1926-2005), a fim de oferecer conforto e praticidade para todos que utilizam o clube. Penteado chegou a projetar um conjunto de mobiliário, mas o projeto de interiores ficou por conta do Arquiteto Cesar Luiz Pires de Mello que, por escolha do clube, especificou a compra dos móveis. 

 


Figura 12: Capa da Revista Acrópole, n° 260. Fonte: Revista Acrópole, n° 260, maio de 1960
Figura 12: Capa da Revista Acrópole, n° 260. Fonte: Revista Acrópole, n° 260, maio de 1960

 

CENTRO DE CONVIVÊNCIA CULTURAL DE CAMPINAS (1967) 


“Um espaço aberto para o encontro e o convívio, onde se pode ficar à vontade, vadiar, ler, descansar, namorar, assistir à espetáculos artísticos e esportivos, participar de manifestações públicas...” 

PENTEADO, op.cit., p.100. 


Figura 13: Centro de Convivência Cultural de Campinas: croqui. Fonte: Casa da Arquitectura. Coleção fotográfica do Centro de Convivência Cultural, em Campinas (fotografia n.º 63, PT_CA_ABR_1_A28-02-0063) 
Figura 13: Centro de Convivência Cultural de Campinas: croqui. Fonte: Casa da Arquitectura. Coleção fotográfica do Centro de Convivência Cultural, em Campinas (fotografia n.º 63, PT_CA_ABR_1_A28-02-0063) 

Ficha Técnica  

 

Cliente:  Cidade de Campinas em nome do prefeito Ruy Novaes 

Local: Praça Imprensa Fluminense, s/nº, Cambuí, Campinas, SP, CEP 13025-066. 

Data de início de projeto: 1967 

Data de conclusão da obra: 1976 

Tipologia de uso: Centro cultural 

Padrão arquitetônico: Brutalismo 

Área de intervenção: aproximadamente 6.090 m² 

Arquitetura: referências a obras do próprio autor, uma a alusão a formas da natureza e a influência do movimento moderno 

Equipe: Alfredo Paesani, Teru Tamaki e Aldo Calvo 

Estrutural: essencialmente em concreto armado e concreto aparente devido ao padrão arquitetônico que é o brutalismo. 

 

Panorama histórico:  


A carreira de Fábio Penteado permeou um período histórico em que os flagelos da sociedade vieram à tona, o que demandou uma visão mais minuciosa das relações sociais. Nos seus projetos, Fábio incorporou esse novo modo de interpretação, fazendo com que tivessem um compromisso em estimular os relacionamentos interpessoais, como foi o caso do Centro de Convivência Cultural de Campinas. 

O projeto em questão foi submetido a um concurso aberto em 1966 na cidade de Campinas sob o governo do prefeito Ruy Novaes. No ano seguinte, após vencer o concurso, as obras já foram iniciadas e sua conclusão ocorreu 9 anos depois, em 1976. 


A intenção do arquiteto era construir um lugar acessível para toda a população e que viabilizasse uma interação que abrangesse todas as pessoas. Penteado caracterizava o ser humano como um ser multitudinário, ou seja, que essencialmente pertence a multidões, e tentou traduzir isso no projeto do Centro de Convivência; através de 4 grandes blocos dispostos ao redor de um pátio central, sua intenção era criar um anfiteatro, além de funcionar como uma arena na parte exterior das edificações, estas possuem funções internas independentes, o primeiro como um teatro com capacidade para 8mil pessoas, o segundo como administração do espaço, o terceiro como uma galeria para exposição e o último como um bar com um mezanino.  


Este centro cultural foi projetado para ser construído sobre um antigo teatro que havia sido demolido, o Teatro Carlos Gomes. A falta deste teatro fez com que Fábio se questionasse sobre o acesso da grande massa nesses espaços culturais, estimulando-o fortemente a imaginar um espaço convidativo para a apreciação da arte, sendo o pontapé inicial para que o projeto se guiasse numa direção de conceito aberto e de magnitude monumental, a fim de conseguir receber milhares de pessoas ao mesmo tempo. 

 

Análise da edificação: 



Figura 14: Centro de Convivência Cultural de Campinas: fotografia de obra, 1968 Fonte: Casa da Arquitectura. Coleção fotográfica do Centro de Convivência Cultural, em Campinas (fotografia n.º 8, PT_CA_ABR_1_A28-02-0008)
Figura 14: Centro de Convivência Cultural de Campinas: fotografia de obra, 1968 Fonte: Casa da Arquitectura. Coleção fotográfica do Centro de Convivência Cultural, em Campinas (fotografia n.º 8, PT_CA_ABR_1_A28-02-0008)

Durante os nove anos de sua construção a obra recebeu os investimentos para que fosse construída, visto que o concurso já considerava uma verba que cobrisse os custos da edificação, sua estrutura foi suficientemente resistente a ponto de não ter demandado nenhuma reforma até então. O Centro de Convivência ocupa o equivalente a duas quadras do bairro em que foi construído e sua função foi de “substituir” os dois teatros que existiam no local anteriormente. 



Figura 15: Vista aérea com as dunas artificiais Fonte: Casa da Arquitectura. Coleção fotográfica do Centro de Convivência Cultural, em Campinas (fotografia n.º 25, PT_CA_ABR_1_A28-02-0025). 
Figura 15: Vista aérea com as dunas artificiais Fonte: Casa da Arquitectura. Coleção fotográfica do Centro de Convivência Cultural, em Campinas (fotografia n.º 25, PT_CA_ABR_1_A28-02-0025). 

Ao findar da construção, a paisagem encontrada é uma obra de magnitude monumental, que era o objetivo de Fábio, com a estética comprometida com o brutalismo, ao ser inteira em concreto armado e concreto aparente, além das dunas verdes artificiais que ajudam a compor a estética. A Centro de Convivência brinca com a ideia de “dentro” e “fora” ao possuir usos em todas as faces da construção, o que seria o teto da edificação acaba de transformando em uma arquibancada e o que seria o interior também possui seu uso, como a parte administrativa ou a área de exposição. 


Figura 16: Centro de Convivência Cultural: vista aérea Fonte: Casa da Arquitectura. Coleção fotográficado Centro de Convivência Cultural, em Campinas (fotografia n.º 66, PT_CA_ABR_1_A28-02-0066)
Figura 16: Centro de Convivência Cultural: vista aérea Fonte: Casa da Arquitectura. Coleção fotográficado Centro de Convivência Cultural, em Campinas (fotografia n.º 66, PT_CA_ABR_1_A28-02-0066)

Figura 17: Centro de Convivência Cultural de Campinas, vista interior com colunas e vigas de sustentação da bancada, 1973 Fonte: Casa da Arquitectura. Coleção fotográfica do Centro de Convivência Cultural, em Campinas (fotografia n.º 97, PT_CA_ABR_1_A28-02-0097) 
Figura 17: Centro de Convivência Cultural de Campinas, vista interior com colunas e vigas de sustentação da bancada, 1973 Fonte: Casa da Arquitectura. Coleção fotográfica do Centro de Convivência Cultural, em Campinas (fotografia n.º 97, PT_CA_ABR_1_A28-02-0097) 
Figura 18: Centro de Convivência Cultural de Campinas: planta geral do conjunto com legenda Fonte: Casa da Arquitectura. Coleção fotográfica do Centro de Convivência Cultural, em Campinas (fotografia n.º 129, PT_CA_ABR_1_A28-02-0127). 
Figura 18: Centro de Convivência Cultural de Campinas: planta geral do conjunto com legenda Fonte: Casa da Arquitectura. Coleção fotográfica do Centro de Convivência Cultural, em Campinas (fotografia n.º 129, PT_CA_ABR_1_A28-02-0127). 

O objetivo de criar um espaço convidativo pode ser observado na existência de várias entradas para o local, onde todo o perímetro da edificação pode ser considerado uma fachada, sem “parte dos fundos”, ou seja, a circulação é livre pelo espaço. O uso do local também é variado, podendo existir tanto eventos programados quanto apenas um espaço de convívio cotidiano. 



Figura 19: Vista aérea do centro em uso. Fonte: Arquivo Fábio Penteado 
Figura 19: Vista aérea do centro em uso. Fonte: Arquivo Fábio Penteado 

Através de seus projetos, Fábio Penteado trilhou uma carreira cheia de projetos enigmáticos e que integravam as partes que uma boa arquitetura precisa abraçar. Muitos de seus projetos não foram executados de fato, mas isso não era visto por ele como algo negativo, dizia inclusive que um projeto pode ser eficiente mesmo sem sair do papel, desde que apresente uma boa solução e instigue uma boa reflexão. 

Penteado não era apenas alguém que pensava fora da caixa e que não considerava a realidade como ela é, ao contrário disso, ele buscava os potenciais dentro daquilo que já existe. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bibliografia  

ARCHDAILY. Fábio Penteado. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/tag/fabio-penteado. Acesso em: 31 jan. 2025. 

ARQUIVO ARQ. Fábio Penteado – Profissionais. Disponível em: https://arquivo.arq.br/profissionais/fabio-penteado. Acesso em: 31 jan. 2025. 

ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL. Fábio Penteado. Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/21178-fabio-penteado. Acesso em: 31 jan. 2025. 

ESCRITÓRIO DE ARTE. Fábio Penteado. Disponível em: https://www.escritoriodearte.com/artista/fabio-penteado. Acesso em: 31 jan. 2025. 

FÁBIO PENTEADO. Perfil oficial. Instagram, 2025. Disponível em: https://www.instagram.com/fabio_penteado.arq/. Acesso em: 31 jan. 2025. 

GIROTO, Ivo R. Metadesenho: uma análise sobre o projeto da sede social do Clube Harmonia, de Fábio Penteado. Revista Projetar - Projeto e Percepção do Ambiente, Natal, v. 1, n. 3, p. 76-86, out. 2017. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/revprojetar/article/view/16606/11067. Acesso em: 31 jan. 2025. 

NÚCLEO DO COMOMO SÃO PAULO. Centro de Convivência Cultural. Disponível em: https://www.nucleodocomomosp.com.br/centro-de-convivencia-cultural. Acesso em: 31 jan. 2025. 

TEIXEIRA SOUSA, Carolina; HELENE, Eugênio; RIBEIRO, Isadora; BRETANHA, Monica; WAN-MEYL, Pedro; COELHO, Sara. Centro de Convivência Cultural – Fábio Penteado: Cada casa, um caso. Peças da coleção de arquitetura brasileira na Casa da Arquitectura (Matosinhos). Disponível em: https://www.nucleodocomomosp.com.br/centro-de-convivencia-cultural. Acesso em: 31 jan. 2025. 

TUMA, Pedro. O edifício-sede da Sociedade Harmonia de Tênis: arquiteto Fábio Penteado. 2020. 130 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16138/tde-24032021-163722/publico/MEPedrTuma_rev.pdf. Acesso em: 31 jan. 2025. 

VITRUVIUS. Fábio Penteado: o arquiteto que fez da cidade sua razão de ser. Disponível em: https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/22.088/8312. Acesso em: 31 jan. 2025. 

 
 
 

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