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EDUARDO MENDES GUIMARÃES JÚNIOR

Foto do escritor: ACR 113ACR 113

Um dos maiores nomes da arquitetura mineira, combinou teoria e prática para criar um modernismo inovador e cheio de identidade.

 

Eduardo Mendes Guimarães Júnior foi um arquiteto mineiro, que atuou na Região Metropolitana de Belo Horizonte durante o período de 1945 a 1968. Em dados oficiais, consta que Guimarães é nativo da cidade de Mariana, e que seu nascimento ocorreu em 19 de setembro de 1920. Alguns teóricos afirmam que seu local e data de nascimento originais foram alterados pelos pais na certidão de nascimento por fins práticos, e que, na realidade, seu nascimento se deu na cidade de Cataguases, cerca de um ano depois, a 225 km de Mariana. Seu falecimento ocorreu em 11 de agosto de 1968, com apenas 47 anos de idade. Profissional formado pela Escola de Arquitetura de Belo Horizonte (EA-BH), posteriormente agregada à Universidade de Minas Gerais (UMG), atual Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), logo em seus primeiros anos de formado passou a lecionar na instituição, conjuntamente à outros arquitetos mineiros proeminentes da mesma geração, como Shakespeare Gomes, Raphael Hardy Filho e Sylvio de Vasconcellos, personagens que se associaram à Eduardo M. Guimarães Jr. em outros projetos. Assim como demais jovens profissionais formados na EA-BH, Guimarães teve como principal influência em seus trabalhos e em sua visão projetual os ideais do movimento moderno, tal qual dos principais conceitos e elementos que passaram a integrar as edificações com esse teor no período de atuação do arquiteto. 


    Foi integrante importante da Revista Arquitetura e Engenharia, que teve publicações no período de 1946 a 1965 (1ª fase), e no período de 1988 a 1994 (2ª fase, após o falecimento de Eduardo M. Guimarães). Fundada coletivamente com arquitetos conterrâneos (Raphael Hardy Filho, Geraldo Godoy Castro, Raffaello Berti, Luiz Pinto Coelho, Shakespeare Gomes e Tarcísio Silva), foi veículo informativo de notoriedade e relevância nacional, amplamente respeitado pela classe profissional e que estava sempre tratando de assuntos atuais do mundo da arquitetura e da engenharia. Seus Editoriais, em grande parte escritos por Guimarães, foram utilizados como um veículo de expressão pessoal de suas ideias e da sua visão sobre as tendências da arquitetura daquela época, com ênfase nos projetos modernistas e nas suas manifestações a nível internacional, nacional e local. Parte do seu trabalho envolveu a análise crítica da filosofia e das reflexões que influenciaram o pensamento moderno e, portanto, a arquitetura moderna. 


   Foi um arquiteto intimamente ligado e antenado às movimentações e realizações no meio acadêmico nacional da Arquitetura e do Urbanismo, tendo ocupado a Cadeira de Composições da UMG, enquanto professor (1949-1954), e participando do processo de reformulação do plano urbanístico e de implantação da Cidade Universitária da UFMG, na posse do cargo de Diretor do Escritório Técnico da Cidade Universitária em 1955. Manteve-se na posição até o fim do processo de implementação dos projetos para o Campus, e, não obstante, foi projetista de vários edifícios locados no terreno: em destaque, o prédio da Reitoria. Participou também do projeto da nova sede da Escola de Arquitetura da UFMG, conjuntamente com Shakespeare Gomes em 1947. 


   Parecia engajado politicamente a favor da união dos profissionais da arquitetura e a favor da mobilização coletiva por melhorias das condições de atuação e formação acadêmica dos arquitetos brasileiros. Em seu livro “Forma e Conteúdo da Arquitetura Contemporânea”, apresentado como tese para tomar posse da cátedra do curso de arquitetura da UMG, disserta sobre os impactos do novo modelo econômico instaurado após a 1ª Revolução Industrial na arquitetura e nas técnicas construtivas, tal qual do campo de trabalho dos profissionais arquitetos pelas profundas mudanças nas classes sociais.


Em sua tese, Eduardo Mendes Guimarães teve como objetivo entender como os movimentos da Arquitetura Moderna se consolidaram em seu período de atuação por meio de uma análise histórica e estética de grandes influências teóricas. Guimarães indica uma visão da arquitetura como uma forma de arte, que resultaria da interação de elementos de forma prática e sensível, o que para ele seria essencial já que ao mesmo tempo em que a arquitetura atenderia as necessidades práticas ela também se expressa formalmente de maneira subjetiva e estética. Ele também salienta que a qualidade artística do projeto arquitetônico não está ligada diretamente ao seu custo de produção, e que obras de maior porte ou de caráter monumental não são projetos com mais valor que edificações mais simples. Ele ainda aborda como a Revolução Industrial foi responsável pela criação de um novo cliente, o proletariado, que precisava de uma casa simples e funcional, onde o mesmo argumenta que desenvolver projetos para esse público não implicava em criar uma arquitetura de menor qualidade e sim que uma arquitetura de menor qualidade e valor estava no “culto ao exótico” que são usados sem coerência, estética ou alguma função, crítica essa que pode ser compreendida como uma crítica ao ecletismo. O autor então conclui em sua tese que a arquitetura moderna se caracteriza por um dualismo entre uma intenção formal e utilitária que podem ser representadas por duas correntes: a Purista que tem Le Corbusier como um dos seus idealizadores e a Organicista de Frank Lloyd Wright. Eduardo Guimarães indaga que havia uma disparidade entre as duas correntes, onde a Racionalidade do purismo levava o projeto a uma simplicidade formal, enquanto a liberdade expressiva do organicismo se tornava fútil. O mesmo acreditava que a verdadeira boa arquitetura iria surgir de uma combinação que estivesse em equilíbrio entre a função e a estética do edifício. Essa característica pode ser observada em suas obras, onde as mesmas combinavam a preocupação dos aspectos funcionais com sua estética e emprego dos materiais.  


Eduardo Mendes Guimarães não se limitou apenas a abordar o movimento moderno em suas produções textuais, ele alinhou seu discurso teórico com a prática de projetos. Ao se afastar de estilos tradicionais da arquitetura, o arquiteto abraçou o interesse pela inovação onde se mostrou entusiasta da nova arquitetura que se espalhava pelo mundo e se firmava no Brasil. O seu posicionamento foi de grande importância para a formação e influência sobre seus alunos e no campo da arquitetura. 

Sua busca por novas formas de projetar, desassociadas de correntes tradicionais, lhe abriram uma gama de possibilidades e oportunidades em um momento onde se tinha uma grande transformação da sociedade. Diversos fatores externos também desempenharam um papel de criação de um ideal moderno para o arquiteto e também para toda Minas Gerais. Entre esses fatores podemos citar a presença de uma elite intelectual e artística que compartilhava consigo os mesmos ideais modernistas em uma cidade onde existia um grande crescimento econômico, social e demográfico e a atuação de Juscelino Kubitschek, então prefeito de Belo Horizonte que encomendou projetos de Oscar Niemeyer para o Conjunto da Pampulha. Esses foram fatores que contribuíram para a introdução da arquitetura moderna em Minas Gerais. Guimarães, outros colegas partilhavam consigo os mesmos ideais e frequentavam a mesma escola de arquitetura, esses eram: Shakespeare Gomes, Raphael Hardy Filho e Sylvio de Vasconcellos.  


A novidade e aceitação da nova forma de se projetar nesse período se colocava em maior aceitação em grupos de pessoas mais jovens e abertas a diferentes conceitos, onde em Minas Gerais essa adoção não foi de forma imediata. Arquitetos que buscavam implementar essa nova arquitetura se depararam com a preferência de clientes aos estilos tradicionais .Por outro lado, Eduardo Guimarães ia além da simples aplicação de técnicas e conceitos modernos, valorizando a compreensão e a integração com o contexto local. O arquiteto criticava a utilização superficial de elementos tanto tradicionais quanto modernos sem uma real conexão com o ambiente que estava implementado. 


Podemos assim destacar os principais norteadores do trabalho de Eduardo Mendes Guimarães Jr seriam a valorização da funcionalidade, inovação no uso de materiais e técnicas construtivas, sensibilidade ao contexto local e cultura, equilíbrio entre a funcionalidade e estética além do compromisso com a formação e mobilização da classe profissional. O Arquiteto mostrou ter grande preocupação com a funcionalidade e organização espacial de seus projetos, priorizando o uso racional dos espaços, onde também explorava o potencial dos elementos construtivos e técnicos que se difundiram durante o período da arquitetura moderna, como o concreto armado, utilizando-o para criar formas plásticas e estruturais marcantes. Fugindo do tradicional ele buscava novas formas de projetar. Elementos como os cobogós também se destacam  como exemplos de personalização e inovação construtiva. Como citado, outro grande ponto de seus projetos era a adaptação de projetos ao contexto local onde estaria inserido sua obra, Guimarães valorizava a criação de uma identidade arquitetônica única, integrando os elementos da arquitetura modernista universal às especificidades locais. Eduardo Mendes Guimarães frequentemente refletia sobre o que seria a "boa arquitetura", defendendo que ela deveria representar um equilíbrio entre o pensamento purista de Le Corbusier e o organicismo de Frank Lloyd Wright, aproveitando o melhor de ambas as abordagens e evitando tanto a simplicidade formal quanto uma obra arquitetônica desprovida de significado. Além dessa visão sobre o equilíbrio entre funcionalidade e estética, ele também demonstrava um forte compromisso com a formação e a valorização da classe profissional. Como professor da UMG, atual UFMG, e editor da revista Arquitetura e Engenharia, Eduardo dedicou-se à união da classe, buscando melhorar as condições de trabalho e de formação dos arquitetos, temas que abordava com frequência em suas teses e editoriais.


Percurso na Arquitetura: 

Logo após se formar, Eduardo Mendes Guimarães, se dedicou a uma série de projetos que em sua maioria eram residenciais, o arquiteto também participou de alguns concursos. Tem como um dos primeiros projetos de destaque a “Residência Funcional” apresentada na Revista Arquitetura e Engenharia, pública em maio de 1946, obra que representou uma reflexão conceitual sobre a habitação moderna e foi inspirada no conceito de Le Corbusier intitulado de “casa-máquina” onde o autor aborda questões funcionais a partir de um contexto fictício e abre especulações de como será o futuro. 

Em seus primeiros anos de carreira, o arquiteto demonstrou grande produtividade, na criação e execução de projetos. Nesse mesmo ano, integrou o concurso para o Projeto do Ginásio do Minas Tênis Clube, além de dedicar-se a uma variedade de projetos comerciais e institucionais.


Projetos do arquiteto publicados na revista Arquitetura, Engenharia, Urbanismo, Belas Artes e Decoração, evidenciam a versatilidade do arquiteto, abrangendo desde obras de menor escala a grandes projetos. As obras de Eduardo Mendes transmitem as características do movimento moderno como a utilização racional de espaços e a utilização de elementos construtivos  como pilotis, telhados borboleta e cobogós (Elemento esse que o mesmo já projetou) além de soluções para proteção solar como a utilização de brises e também a utilização da topografia natural do terreno como base para o desenvolvimento dos projetos.

 

No período compreendido de 1950 a 1956, Eduardo Guimarães projetou em sua grande maioria edifícios residenciais para uma classe média e alta e teve um trabalho focado em aspectos modernistas aliados à leitura da região que as edificações seriam implantadas. Tendo grande foco na aplicação de novos materiais e estruturas de proteção como os cobogós já citados. Durante este período, foram projetadas 21 edificações e entre elas a sua própria casa, em 1953. 


Infelizmente, grande parte de suas obras residenciais não estão mais de pé, restando alguns poucos exemplares que não foram demolidos ou modificados. Em contrapartida, grande parte de suas obras institucionais permanecem “vivas” e pouco modificadas, preservando um grande legado. 


 

Lista com todas Obras Registradas/Encontradas:

1945 – Hotel Cassino – MG

1946 – Galpão Rádio Patrulha – MG

1946 – Residência Funcional – MG

Figura 1 e 2  Casa Funcional (1947)


Revista Arquitetura e Engenharia (1946)

Guimarães Junior (1946, p. 15).

1947 – Anteprojeto Rádio Guarany – MG

1947 – Balneário de Cambuquira – Cambuquira/MG


Figura 4 e 5 Balneário Cambuquira (1947)


Fonte: Arquitetura (1946)

Fonte: Guimarães Junior (1948, p. 24-25).


1947 – Engarrafamento de Águas – MG

1947 – Residência Gilberto Pessoa – MG


Figura 6 e 7  Residência Gilberto Monteiro Pessoa, Perspectiva, corte e fachada (1947)


Fonte: Arquitetura (1946)


1947 – Residência Alberto Tostes – MG

1947 – Escola de Arquitetura – Belo Horizonte/MG

1947 – Residência Paulo Leite – MG


Figura 8 e 9 Residência Paulo Pereira Leite. Perspectiva, Croqui e Foto (1947)


Fonte: Arquitetura (1946)


1947 – Ambulatório Hotel Imigrantes – MG

1947 – Capela Nossa Senhora das Graças – MG

1947 – Estúdio Rádio Guarany – MG

1947 – Ginásio Minas Tênis Clube – Belo Horizonte/MG

1947 – Portão Parque das Águas de Caxambu – Caxambu/MG


Figura 3 e 4  Portal das Águas de Caxambu (1947)


Fonte: Arquitetura (1946)


1949 – Fazenda do Sossego – MG

1949 – Faculdade de Odontologia – Belo Horizonte/MG


Figura 12 e 13 Faculdade de Odontologia – 1949 


Fonte: Departamento de Planejamento Físico e Projetos da UFMG (DPFP)


1950 – Residência Edmur Fonseca – MG

1950 – Residência Gilberto Faria – MG

1951 – Residência Washington Peluso de Souza – MG

1951 – Residência José Beggiato – MG

1952 – Residência Mickselan Bodan Lepecki – MG

1952 – Jazigo Família Longo – MG

1952 – Residência Silvio Strambi – MG

1953 – Residência Walter Machado – MG

1953 – Residência Antônio Pedro Braga – MG

1953 – Residência Adir Rocha – MG

1953 – Residência Aroldo Garcia Rosa – MG

1953 – Residência Eduardo Mendes Guimarães – MG


Figura 10 e 11  Casa Eduardo Mendes Guimarães Jr (1953)


Fonte: Guimarães Junior (1954c, p. 36-40).

Sob a Ótica de Projeto: O Arquiteto Eduardo Mendes Guimarães Júnior e a Reitoria da UFMG - Daniela Forlani Mansini


1953 – Residência Hugo Coelho Vieira – MG

1953 – Residência J.O.S – MG

1953 – Residência Britaldo Silveira Soares – MG

1953 – Junta Comercial de Minas Gerais – Belo Horizonte/MG

1954 – Residência Eduardo Levindo Coelho – MG

1954 – Residência José de Araújo Cotta – MG

1954 – Residência Jayme de Mattos Silveira – MG

1955 – Residência Celso Brant – MG

1956 – Residência Moacir Carvalho de Oliveira – MG

1956 – Residência Hugo Santos Pereira – MG

1956 – Condomínio Retiro das Pedras – Brumadinho/MG

1956 – Edifício Carmelita – Belo Horizonte/MG

1957 – Almoxarifado Geral – MG

1957 – Instituto de Mecânica – Belo Horizonte/MG

1957 – Reitoria UFMG – Belo Horizonte/MG

1957 – Posto Policial UFMG – Belo Horizonte/MG

1957 – Plano Diretor UFMG – Belo Horizonte/MG

1957 – Unidade Residencial 1 - UFMG – Belo Horizonte/MG

1957 – Restaurante Unidade Residencial – Belo Horizonte/MG

1958 – Instituto de Pesquisas Radioativas – Belo Horizonte/MG

1958 – Estádio Universitário – Belo Horizonte/MG

1959 – Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão) – Belo Horizonte/MG


Figura 14 e 15 Estádio Universitário/Mineirão – 1958 

Fonte: Guimarães Junior (1954c, p. 36-40).

Fonte: Departamento de Planejamento Físico e Projetos da UFMG (DPFP)

1962 – Refinaria Gabriel Passos – Betim/MG

1965 – Departamento de Química – Belo Horizonte/MG

1965 – Pavilhão ICEX – Belo Horizonte/MG

1965 – FAE Colégio Universitário – Belo Horizonte/MG

1966 – Residência Pascoal Costa – MG

1966 – Restaurante do Colégio Universitário – Belo Horizonte/MG

1967 – Clube Náutico – MG

1968 – Sede do Departamento Nacional de Obras de Saneamento – Belo Horizonte/MG



 

A REITORIA DA UFMG



  • Arquitetos: Eduardo Mendes Guimarães, Ítalo Pezzuti e Gaspar Garreto.

  • Localização: Belo Horizonte

  • Ano: 1962

  • Área: 12.011 m²


Implantação do prédio da Reitoria (fonte: ArchDaily)

A Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais, inaugurada em 26 de outubro de 1962, foi a primeira edificação construída com base no plano geral do Escritório Técnico no Campus Pampulha. O prédio foi alocado na parte central do campus. Devido à complexidade de construir um edifício simbólico que representava o centro administrativo da universidade, o projeto foi designado ao arquiteto Eduardo Mendes Guimarães, junto com Ítalo Pezzuti e Gaspar Garreto. 


O objetivo de Eduardo Mendes Guimarães era evocar os ideais modernistas de Le Corbusier. O arquiteto deveria pensar sobre aspectos fundamentais da arquitetura, como: local do edifício no terreno, ventilação, insolação, materiais utilizados e detalhes construtivos. A implantação do edifício levou em consideração o terreno. O local da implantação da cidade universitária conta com um terreno acidentado e água no subsolo, o que torna a construção mais complexa. O edifício foi alocado na cota mais alta da área central. À frente da Reitoria, há um espelho d’água com passarelas que dão acesso ao prédio, uma via de acesso para veículos e uma praça. A área construída foi ampliada para atender às futuras demandas, resultando em um total de 12.011 m². 


Localização do Prédio da Reitoria no Campus (fonte: ArchDaily) 


A sede da Reitoria foi separada em dois blocos: um horizontalizado, com dois pavimentos, que ficam o acesso principal, hall de exposições, auditório e serviços, e o outro vertical, onde fica a administração da Reitoria. 


Divisão do Prédio da Reitoria (fonte: ArchDaily) 


Devido à essa divisão de dois blocos, foi possível separar o público geral e os funcionários que trabalham na Reitoria. O bloco horizontal, com aproximadamente 50 x 60 metros e com dois pavimentos serve de transição entre o ambiente externo com o ambiente interno, já que é uma parte mais acessível ao público. No térreo estão localizados um hall com pé direito duplo com dois elevadores públicos, um auditório, um vestíbulo, um pátio central acessado por pilotis na parte externa, três acessos externos para o segundo piso (um de serviço e dois sociais), duas escadas internas e uma rampa para veículos para acessar o subsolo. Em frente ao pátio central, há um mezanino onde fica a área de exposição. Já o bloco vertical, conta com 8 pavimentos. Nesse bloco, há dois pavimentos livres em pilotis, junto com cinco pilares com formato de “V” expostos. Os pavimentos são separados de acordo com os setores: No terceiro pavimento ficam o Reitor e Gabinete.  No quarto pavimento, o Conselho Universitário e o Departamento Jurídico. No quinto pavimento, a Secretaria Geral. No sexto pavimento, Documentação e Estatística. No sétimo, Ação Social e no oitavo o Departamento de Cultura. O subsolo foi designado como local para garagem, depósito geral e casa de máquinas.  


Corte do Bloco Vertical (fonte: Sob a Ótica de Projeto: O Arquiteto Eduardo Mendes Guimarães Júnior e a Reitoria da UFMG - Daniela Forlani Mansini) 


Na fachada nordeste, estão os acessos ao pátio central, restaurante, hall dos funcionários e do Reitor, com circulações separadas para público e equipe, incluindo halls e elevadores privativos. Os pilotis no térreo criam uma transição entre áreas construídas e abertas, com dois acessos ao pavimento superior, uma escada para o restaurante e um volume circular com escada interna para a área de serviço. No segundo piso, a escada leva a um hall com vista para o pátio (fechado por cobogós projetados por Eduardo Guimarães) e uma jardineira externa. 


A circulação vertical do edifício está no bloco horizontal, próxima à entrada, com elevadores separados por público e uma escada de acesso aos pavimentos superiores. Do terceiro ao oitavo pavimento, o projeto original incluía duas caixas de escada, mas no térreo dos pilotis não havia circulação prevista. Em 1988, para atender às normas de segurança dos bombeiros, foi construída a extensão da caixa de escadas até o solo, alterando a estética e obstruindo a visão no térreo. A mudança corrigiu o problema de distâncias superiores a 25 metros até a saída de emergência no terceiro pavimento. 


Característico de outras edificações modernistas do período, o projeto da Reitoria explora o uso do concreto armado, assim como as diferentes formas que esse material pode constituir em seus elementos estruturais. O sistema de pórtico mais convencional é presente na maior parte do edifício, mas o mesmo também conta com lajes em balanço, pilares em forma de V aparentes na região de pilotis, como já mencionado, e grandes vãos, que atribuem identidade singular ao prédio da Reitoria e o fazem se destacar do entorno, ainda mantendo uma certa linguagem comum às demais construções do campus. A estrutura do prédio é completamente independente de todas as vedações internas e externas. Isso permite uma liberdade de mudanças de tipologias e modulações conforme as necessidades específicas de uso de cada pavimento ao longo do tempo. Além disso, a não-associação da parte estrutural do edifício com a fachada facilita o emprego de uma solução de revestimento externo leve e de mais fácil manutenção: as janelas em fita, com a combinação das esquadrias metálicas e das folhas de vidro em diferentes padrões e formas. 

 

Segue as plantas de cada pavimento abaixo: 



Planta de setorização do Subsolo do prédio da Reitoria (fonte: Sob a Ótica de Projeto: O Arquiteto Eduardo Mendes Guimarães Júnior e a Reitoria da UFMG - Daniela Forlani Mansini) 


Legenda:

1- Rampa de Acesso

2- Estacionamento

3- Hall de Elevadores

4- Casa de Máquinas/Almoxarifado




Planta de setorização do Primeiro Pavimento do prédio da Reitoria (fonte: Sob a Ótica de Projeto: O Arquiteto Eduardo Mendes Guimarães Júnior e a Reitoria da UFMG - Daniela Forlani Mansini) 


Legenda

1- Hall de Acesso

2- Exposições

3- Auditório 

4- Palco

5- Camarins

6- Acesso Elevadores

7- Pátio Interno

8- Acesso Cozinha

9- Pilotis

10- Acesso Subsolo

11- Pilotis  Bloco Vertical



Planta do segundo pavimento (Mezanino) do prédio da Reitoria (fonte: Sob a Ótica de Projeto: O Arquiteto Eduardo Mendes Guimarães Júnior e a Reitoria da UFMG - Daniela Forlani Mansini) 


Legenda:

1- Auditório

2- Cozinha

3- Restaurante

4- Varanda

5- Hall de Elevadores

6- Exposições

7- Vazio Pátio Interno

8- Pilotis



Plantas do terceiro ao oitavo pavimento* da Reitoria (fonte: Sob a Ótica de Projeto: O Arquiteto Eduardo Mendes Guimarães Júnior e a Reitoria da UFMG - Daniela Forlani Mansini) 

Legenda:

1- Hall de Elevadores

2- Sanitários

3- Copa/Cozinha


*No projeto original, não havia  divisórias entre as salas. Cada pavimento foi subdividido para atender a demanda da Reitoria com armários e painéis removíveis, que permitiriam a contínua adaptação do prédio de acordo com as funções necessárias.



Plantas do reservatório do prédio da Reitoria (fonte: Sob a Ótica de Projeto: O Arquiteto Eduardo Mendes Guimarães Júnior e a Reitoria da UFMG - Daniela Forlani Mansini) 

 


A ESCOLA DE ARQUITETURA DA UFMG


  • Arquitetos: Shakespeare Gomes e Eduardo Mendes Guimarães Júnior

  • Localização: Belo Horizonte

  • Ano: 1947

  • Área: 12.000 m²


A Escola de Arquitetura foi fundada em 5 de agosto de 1930 e foi a primeira escola da América do Sul a ser desvinculada das Escolas de Belas Artes e de Filosofia. Seu edifício atual tem aproximadamente 12 mil metros quadrados. Os autores do seu projeto foram Shakespeare Gomes e Eduardo Mendes Guimarães Júnior. Guimarães participou da elaboração do primeiro projeto e Shakespeare Gomes, permaneceu nos projetos de ampliação da escola. Na imagem a seguir, observa-se o primeiro bloco da Escola de Arquitetura (em vermelho), e seus anexos projetados posteriormente (em verde e azul).



Maquete da sede da Escola de Arquitetura da Universidade Federeal de Minas Gerais. Fonte: Registros da disciplina Arquitetura Brasileira UFMG
Maquete da sede da Escola de Arquitetura da Universidade Federeal de Minas Gerais. Fonte: Registros da disciplina Arquitetura Brasileira UFMG

O terreno está localizado no encontro entre a Rua Paraíba com a Rua Gonçalves Dias, no bairro Funcionários. O projeto foi elaborado em dois volumes formando um L, liberando a área da esquina onde se localizava o Mercadinho, que até então atuava como sede da Escola de Arquitetura. Esta área liberada possibilitou a criação de uma praça, gerando uma área que conecta o espaço público com o privado . Um fato interessante é que, mesmo após a demolição do Mercadinho, o endereço oficial da nova sede da Escola de Arquitetura permaneceu na Rua Paraíba, número 697, quando na verdade a nova entrada se localiza na Rua Gonçalves Dias.



Prédio do “Mercadinho”, sede provisória da Escola de Arquitetura. Ao fundo vê-se a sede atual ainda em fase de construção, na década de 1950. Fonte: Registros da disciplina Arquitetura Brasileira UFMG
Prédio do “Mercadinho”, sede provisória da Escola de Arquitetura. Ao fundo vê-se a sede atual ainda em fase de construção, na década de 1950. Fonte: Registros da disciplina Arquitetura Brasileira UFMG


Sede atual da Escola de Arquitetura. (OLIVEIRA;PERPÉTUO, 2016). Na foto vemos a praça criada após a demolição do Mercadinho.
Sede atual da Escola de Arquitetura. (OLIVEIRA;PERPÉTUO, 2016). Na foto vemos a praça criada após a demolição do Mercadinho.

A geometria e a organização espacial do edifício da sede da Escola de Arquitetura seguem os princípios da Arquitetura Modernista Brasileira da década de 1950 e foi tombada pelo Patrimônio Histórico Municipal. A circulação interna é ampla e contínua por toda a edificação e a circulação vertical é feita por meio de uma escada em espiral ligando o saguão de acesso ao auditório por meio de um mezanino de traçado orgânico. A Escola também conta com escadas que ligam o saguão aos outros três pavimentos, além dos elevadores que compõem a circulação vertical.



Saguão de entrada da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais. Fonte: Registros do site da Escola de Arquitetura da UFMG
Saguão de entrada da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais. Fonte: Registros do site da Escola de Arquitetura da UFMG


Os brises protegem as salas e a circulação dos dois primeiros pavimentos da incidência solar. Eles são apresentados tanto em concreto como em estrutura metálica. A primeira no sentido horizontal e vertical, e o outro no sentido horizontal, que protege o pé direito duplo do mezanino do auditório. Já a sede é constituída por pilotis em aço e em alvenaria estrutural, e seu corpo é formado por concreto e alvenaria. A fachada lateral envidraçada do primeiro pavimento reforça a integração entre o espaço aberto e fechado, tornando mais fluida a articulação entre estes ambientes.



Fachada lateral da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais. Fonte: Registros do site da Escola de Arquitetura da UFMG
Fachada lateral da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais. Fonte: Registros do site da Escola de Arquitetura da UFMG

Segue as plantas de cada pavimento abaixo: 



Planta da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais de 2017. Fonte: Registros da disciplina Arquitetura Brasileira UFMG
Planta da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais de 2017. Fonte: Registros da disciplina Arquitetura Brasileira UFMG

Planta da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais de 2017. Fonte: Registros da disciplina Arquitetura Brasileira UFMG
Planta da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais de 2017. Fonte: Registros da disciplina Arquitetura Brasileira UFMG


Planta da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais de 2017. Fonte: Registros da disciplina Arquitetura Brasileira UFMG
Planta da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais de 2017. Fonte: Registros da disciplina Arquitetura Brasileira UFMG

Planta da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais de 2017. Fonte: Registros da disciplina Arquitetura Brasileira UFMG
Planta da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais de 2017. Fonte: Registros da disciplina Arquitetura Brasileira UFMG



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


História da Escola de Arquitetura da UFMG. Disponível em: https://www.arq.ufmg.br/ea/historia/


MANSINI, Daniela Forlani. Sob a Ótica de Projeto: O Arquiteto Eduardo Mendes Guimarães Júnior e a Reitoria da UFMG. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2015.


MONTEIRO, Patrício Dutra. Recuperando o Modernismo: uma produção arquitetônica de Eduardo Mendes Guimarães Júnior. Escola de Arquitetura da UFMG. Belo Horizonte, 2004.


OLIVEIRA, Cléo Alves Pinto; PERPÉTUO, Maini de Oliveira. Setenta e Cinco anos da primeira Escola de Arquitetura do Brasil. Escola de Arquitetura da UFMG. 2016.


FIALHO, Beatriz Campos. Da cidade universitária ao Campus da Pampulha da UFMG: arquitetura e urbanismo como materialização do ideário educacional (1943-1975), Escola de Arquitetura da UFMG, Belo Horizonte, 2012.














 
 
 

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