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RICARDO SEVERO

Atualizado: 5 de mai.

Figura 1: Imagem do arquiteto Ricardo Severo em meados de 1930. Fonte: Site São Paulo Antiga.


biografia


Ricardo Severo da Fonseca e Costa foi um engenheiro, arquiteto, arqueólogo, historiador, construtor escritor e político que nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 6 de novembro de 1869, filho de José António da Fonseca e Costa e Mariana da Cruz da Fonseca e Costa. Em 1884 ingressou na Academia Politécnica do Porto para iniciar seus estudos na área de engenharia, graduando-se em Engenharia Civil de Obras Públicas no ano de 1890, e em Engenharia Civil de Minas em 1891, concluindo, assim, seu percurso acadêmico nessa instituição. Suas principais parcerias profissionais incluíam Francisco de Paula Ramos de Azevedo, Alfred Düntuch, Arnaldo Dumont Villares e Felisberto Ranzini, e seu escritório de carreira foi o Escritório Técnico Ramos de Azevedo.


Dando início aos seus trabalhos, em Portugal, ele participou na formação da Sociedade Carlos Ribeiro (1887-1898), e logo em seguida, da Revista de Ciências Naturais e Sociais (1890-1898). No entanto, em 31 de janeiro de 1891, irrompeu a Revolução Republicana do Porto. Ricardo Severo foi um grande ativista no movimento, e por conta do seu posicionamento político, teve um papel muito importante em todo o processo. Porém, após o fracasso revolucionário e por conta da necessidade de escapar de perseguições insurgentes, o arquiteto se exilou no Brasil, em São Paulo, no ano de 1892.


Assim, Severo iniciou sua carreira no país. Já em 1892, publicou o artigo “Museu Sertório” no jornal Correio Paulistano, e através dele, o então Secretário de Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Alfredo Maia, o apresentou para Ramos de Azevedo (1851-1928), e a partir daí começou a trabalhar no Escritório Técnico Ramos de Azevedo. Além disso, se tornou chefe da seção construtora do Banco União de São Paulo. No ano seguinte, casou-se com Francisca Santos Dumont, e ao longo de sua vida teve oito filhos, quatro brasileiros e quatro portugueses.


Figura 2: Escritório técnico Ramos de Azevedo.

Fonte: Wikipédia.


No período que decorreu de 1894 a 1908, ele retornou a seu país de origem e se dedicou inteiramente à arqueologia, uma das áreas em que se especializou também. No entanto, devido às dificuldades que passava economicamente, ele voltou ao Brasil, e lá seus trabalhos foram bem variados. No mesmo ano, tornou-se sócio do escritório em que trabalhava anteriormente, e o uniu à Companhia Iniciadora Predial, à Companhia Cerâmica Vila Prudente e ao Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (Laosp), instituições com as quais possuía ligação. Ainda em 1908, o engenheiro fundou e dirigiu a Companhia Iniciadora Predial, juntamente com Ramos de Azevedo, Frederico Vergueiro Steidel e Arnaldo Vieira de Carvalho. 


Em 1909, se tornou secretário e inspetor escolar do Laosp, e em 1910 participou do estabelecimento da Companhia Cerâmica Vila Prudente, com seus sócios Ramos de Azevedo, Emilio Falchi, Nicola Puglise Carboni, Menotti Falchi e Rodolpho Crespi. Dentre suas principais menções, estão inclusas a Medalha de Mérito CONFEA (1958), a homenagem feita pela colônia portuguesa em 1932 em celebração aos 41 anos da Revolta do Porto, da qual Severo foi um grande ativista, e a homenagem de 1969 realizada pela Academia Paulista de Letras, em razão do centenário de seu nascimento (1869). Além disso, o livro Homenagem a Ricardo Severo: Centenário do Seu Nascimento 1869-1969 foi produzido após sua morte, que se deu em 3 de abril de 1940, em São Paulo. 


Sempre envolvido com projetos do gênero, em 1911 cooperou na Sociedade dos Arquitetos e Engenheiros de São Paulo, com Ramos de Azevedo, Victor Dubugras, Antônio Francisco de Paula Souza, Adolfo Augusto Pinto, Alexandre Albuquerque, Victor da Silva Freire. Incorporou-se à equipe do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) e produziu a Revista do Brasil, na qual editoriou séries de artigos e de conferências arqueológicas, republicanas, da colônia lusitana e da arquitetura. Em 1912 constituiu a Sociedade de Cultura Artística de São Paulo e se tornou vice-presidente da Sociedade dos Arquitetos e Engenheiros de São Paulo. Um ano após isso, encabeçou a campanha de arte tradicional no Brasil, através da conferência A Arte Tradicional no Brasil, novamente na Sociedade de Cultura Artística. Finalmente, em 1916 se tornou presidente da Revista do Brasil. 


Em 1928 faleceu Ramos de Azevedo, seu principal sócio e aliado, que trabalhou com ele desde o início de sua carreira como arquiteto e engenheiro no Brasil. O escritório então foi nomeado para “F. P. Ramos de Azevedo, Severo & Villares”, com Severo conduzindo em sociedade com Arnaldo Dumont Villares, e a partir de 1930, o nome do escritório mudou novamente, para “Severo Villares & Cia”. No mesmo ano, se tornou diretor do Liceu de Artes e Ofícios, com o qual possuía também um vínculo de muitos anos. 


Diferentemente da maioria, a arquitetura de Severo ficou marcada principalmente pela sua abrangência através de sua famosa conferência "A Arte Tradicional no Brasil", da campanha de arte tradicional, além de artigos e entrevistas, em detrimento de seus projetos arquitetônicos propriamente ditos. Sua campanha tradicionalista regia o enaltecimento da memória lusitana colonial atrelada ao forte sentimento de nacionalismo e independência existente na época, o que a tornou não somente um movimento da arquitetura, mas também político e cultural. Um ponto a se considerar é que, por valorizar tanto as origens portuguesas do país, a parcela cultural de indígenas, negros e imigrantes acabou se perdendo nos discursos do engenheiro. As referências de sua linha de pensamento se refletiam principalmente nos ornamentos de suas obras, já que, por estar relacionado ao escritório Técnico F. P. Ramos de Azevedo e à Companhia Iniciadora Predial na maior parte de sua carreira, os ideais se contradiziam e ele não podia expressar tão fortemente essas tendências. 


Dando continuidade aos seus trabalhos, em 1930 ele criou e liderou a Revista Portuguesa, o Clube Português e a Câmara Portuguesa de Comércio de São Paulo. A Revista Portuguesa era ligada diretamente às outras duas instituições, que constituíam o processo editorial das publicações, que se destinavam principalmente às ciências, artes, arquitetura, comércio e a outras atividades que ligavam a sociedade portuguesa e a cidade de estadia do arquiteto, sendo ele muito influente em ambos. Por fim, em 1933 recebeu o título de sócio honorário do IHGSP, e no ano posterior escreveu o livro "Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo: Histórico, Estatutos, Regulamentos, Programas, Diplomas", importante registro de uma entidade tão presente em seus trabalhos. 


Figura 3: Oficina no Liceu de Artes e Ofícios, 1910.

Fonte: Wikipédia


LISTA DE PROJETOS:


1900:

Casa do Porto - Porto, Portugal 


1916:

Casa Julio de Mesquita

Palacete Numa de Oliveira - São Paulo, SP


Figura 4: Palacete Numa de Oliveira, Ricardo Severo, 1916.

Fonte: Revista de Arquitetura e Urbanismo, MDC.


1920-1924:

Casa Lusa


1921:

Casa Praiana - Guarujá, SP 


1922-1923:

Pavilhão das Indústrias de Portugal - exposição temporária, Rio de Janeiro, RJ 


1926:

Casa José Moreira – Rio de Janeiro, RJ 

edifício-sede da Sociedade de Cultura Artística de São Paulo - não construído 

Banco Português - São Paulo, Brasil  

Beneficência Portuguesa de Santos – Santos, SP 

Beneficência Portuguesa de Campinas – Campinas, SP 


Figura 5: Beneficência Portuguesa de Campinas.

Fonte: Beneficência Portuguesa de Campinas, Wikiwand.


1929:

Restauração da Igreja da Ordem Terceira do Carmo - São Paulo, Brasil 


1930:

Faculdade de Direito da USP - São Paulo, SP 

Edifício Bolsa de Mercadorias de São Paulo - São Paulo, SP 


1931:

Prédio J. Moreira - São Paulo, SP 


1932:

Edifício Ouro Para O Bem De São Paulo - São Paulo, SP 

Faculdade de Direito do Largo São Francisco - São Paulo, Brasil  


1934:

Estádio do Pacaembu - São Paulo, SP 


1939:

Palácio da Imprensa - São Paulo, SP 


1939-1940:

Casa Rui Nogueira


1940:

Edifício Companhia Paulista de Seguros - São Paulo, SP  


1943:

Caixa Econômica Estadual de Jundiaí - Jundiaí, SP 

Edifício Azevedo Villares - São Paulo, SP 

SENAI Escola Roberto Simonsen - São Paulo, SP 


Figura 6: Edifício Azevedo Villares, SP.

Fonte: Edifício Azevedo Villares, Arquivo Arq.


FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


Figura 7: Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Fonte: Folha, mundo sindical.


FICHA TÉCNICA

Endereço: Largo São Francisco, 95 – Centro, São Paulo – SP 

Período de execução: 1931 – 1938 / 1941 – 1942 

Tipologia de uso: Faculdade de Direito 

Padrão arquitetônico: Neocolonial 

Projeto de arquitetura: Ricardo Severo 

Área total construída: 15.218,50m2 


HISTÓRIA

Desde a fundação dos Cursos Jurídicos no Brasil, de 1827, até o início da década de 1930, a Faculdade de Direito esteve sediada no Convento de São Francisco, uma construção do século XVII. Ao longo desse período, a instituição passou por diversas transformações físicas e administrativas que refletiam a evolução da faculdade através dos contextos políticos e sociais da época. Dessa forma, foi dela que partiram diversos movimentos políticos da história do Brasil, desde o Abolicionismo de Joaquim Nabuco até a campanha Diretas Já!. 


Em 1930, com o fim da República Velha, a ideia inicial do diretor Alcântara Machado era empreender uma reforma da edificação antiga. No entanto, ao contratar o escritório de arquitetura Severo & Villares, assumido pelo engenheiro-arquiteto Ricardo Severo, foi sugerida uma proposta que levaria à demolição completa da construção do convento. Apenas alguns detalhes foram deixados, como o relógio que ornamentava a entrada do antigo prédio e a arquitetura dos arcos de seu pátio central. 


Figura 8: Igreja e Convento de São Francisco.

Fonte: Wikipedia.


Figura 9: Antigo salão nobre da Faculdade de Direito, pouco antes de ser demolido.

Fonte: site oficial da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.


A demolição se iniciou em 1931, deixando somente algumas salas da antiga construção para que as aulas tivessem continuidade, mas que, posteriormente, também seriam demolidas. No entanto, a obra teve que ser pausada em 1938 devido a algumas dificuldades, deixando o terceiro andar para ser construído somente no período entre 1941 e 1942. Além disso, algumas salas permaneceram vazias, recebendo mobiliário somente em 1947, produzidos por Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. 

Figura 10: Início da construção do novo prédio de Direito, em 1931.

Fonte: site oficial da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo


Na construção, Ricardo Severo se preocupou em projetar uma edificação moderna, mas que remetesse ao passado histórico brasileiro. Desse modo, de acordo com site da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, o estilo adotado na construção foi o neocolonial com elementos do barroco luso-brasileiro. Com isso, em 2002, o edifício da Faculdade de Direito da USP foi tombado como patrimônio cultural. 

Figura 11: Obra do novo prédio de Direito finalizada no fim da década de 1930.

Fonte: Site oficial da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo


análise do entorno

O prédio da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo está localizado no centro da capital. É uma área muito movimentada com várias avenidas importantes, como a Av. 23 de Maio que fica apenas alguns metros atrás da faculdade e a Av. Brigadeiro Luís Antônio, que passa bem ao lado do prédio.  


Ao analisar o entorno, percebe-se que é um lugar com muitos pontos de ônibus, além de ter as estações de metrô da Sé e Anhangabaú. A estação da Sé é uma das principais e mais movimentadas estações de metrô da cidade, além de que é possível realizar a baldeação para a linha vermelha através dessas duas estações, permitindo uma alta mobilidade urbana.  


Com três quarteirões de distância, é possível chegar na Catedral Metropolitana de São Paulo, localizada em frente à Praça da Sé. Embora tenha sido inaugurada somente em 1954, antigamente, no mesmo local, havia uma igreja do período colonial que permaneceu até 1911, quando foi demolida.  


Nos arredores do prédio, é possível encontrar diversos imóveis que se interligam com a Faculdade de Direito. Essas edificações estão na região por causa da construção do próprio prédio, que fomentou o aparecimento dessas instituições ao longo dos anos.  Algumas dessas instituições são: o Ministério Público do Estado de São Paulo, o Fórum Hely Lopes Meirelles, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos, além de diversos escritórios de advocacia.  

Figura 12: Entorno da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Fonte: My Maps.


Por fim, devido à localização central do prédio, a área é altamente comercial, abrigando diversas lojas, centros culturais, parques, teatros e restaurantes. 


Análise da obra

A Faculdade de Direito da USP foi implantada no Largo São Francisco, entre 1930 e 1934, no Centro da cidade de São Paulo. Possui área construída de 15.219 m², distribuídos entre 4 pavimentos e um subsolo. Em termos de área bruta, a distribuição entre os pavimentos é bem uniforme, entretanto, o térreo apresenta uma área útil consideravelmente maior em relação às demais. 

 

Figura 13: Fachada do novo prédio da Faculdade de Direito da USP.

Fonte: Arquivo Arq.


Quanto à volumetria adotada, o projeto é composto por blocos retangulares, sobrepostos de maneira majoritariamente regular ao longo dos pavimentos. Severo utilizou bastante áreas descobertas amplas no pavimento térreo do edifício, com destaque para o Pátio das Arcadas, que já foi palco de discussões fundamentais para a construção democrática brasileira. Atualmente, esse espaço ainda é utilizado para manifestações políticas e culturais.

Figura 14: Prédio da Faculdade de Direito visto de cima.

Fonte: Perfil do Facebook da Faculdade de Direito da USP.


Figura 15: Pátio das Arcadas.

Fonte: Arquivo Arq.


Figura 16: Manifestação no Pátio das Arcadas.

Fonte: Jornal USP.


O prédio apresenta fachada simétrica e seu pórtico de entrada, avançado em relação ao restante da fachada, se destaca pelos ornamentos, colunas e esquadrias em arco. As demais esquadrias, em sua maior parte, são retangulares e padronizadas em cada pavimento, distribuídas regularmente.

O acesso ao prédio da Faculdade de Direito da USP se dá pelo Largo São Francisco, a partir da passagem pelo pórtico, seguido de uma ampla recepção no pavimento térreo do edifício. À esquerda, se encontram a sala dos professores e a tesouraria e contadoria, enquanto à direita os corredores dão acesso ao Pátio das Arcadas, ao processamento técnico e parte do acervo da biblioteca do prédio e ao hall de elevadores e escadaria. Já as salas de aula se encontram à esquerda e ao final do pavimento e são acessadas a partir de corredores fechados.

Figura 17: Planta térrea da Faculdade de Direito da USP.

Fonte: Site da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.


O pavimento térreo possui área útil de 3.142 m² e mais da metade desse espaço é dedicado à circulação. Isso dá porque ele apresenta em sua composição diversos corredores, halls e recepções, além do já mencionado Pátio das Arcadas. Esse andar conta também com quatro salas de aula e um anfiteatro de aula, totalizando 987 m² para esse fim, bem como área dedicada ao setor administrativo, de biblioteca, entre outros.

Figura 18: Quadro de áreas do pavimento térreo.

Fonte: Site da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.


            O pavimento térreo dá acesso ao subsolo, a partir de uma escada entre as salas Francisco Morato e Conselheiro Crispiniano. Esse pavimento é a menor parte do edifício, apresentando área útil de 538 m². O andar conta com a lanchonete do prédio e um centro acadêmico, mas a maior parte de seu espaço é composto por área de circulação.

 Figura 19: Planta centro acadêmico.

Fonte: Site da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.



            Assim como os demais pavimentos superiores, o primeiro pavimento é acessado a partir do térreo pelas escadarias ou elevadores. A maior parte dos cômodos dedicados à administração se encontram nesse andar, ao longo do corredor à direita do hall, onde também está localizado um museu. Já no corredor à esquerda, estão as entradas de duas salas de biblioteca.      

           Figura 20: Planta 1° pavimento.

Fonte: Site da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.



         A maior parte da área de 2.511 m² do primeiro pavimento é dedicada à lecionação. A sala de congregação, sala da tese de láurea e o anfiteatro de aula presentes nesse andar totalizam 892 m².

           Figura 21: Quadro de áreas do 1° pavimento.

Fonte: Site da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.



Dentre os pavimentos, o segundo andar é o que apresenta menor área útil, com 1.933 m². Ele é tomado majoritariamente por espaços de circulação e salas de biblioteca.

Figura 22: Quadro de áreas do 2° pavimento.

Fonte: Site da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.


           São cinco salas dedicadas à biblioteca, localizadas à direita do hall dos elevadores, cada uma contendo o acervo de uma área específica do direito, além de uma sala de obras raras. Além disso, o pavimento apresenta três salas de aula e um auditório, dispostos aos fundos e ao longo do corredor à esquerda do hall. Por fim, ao final desse corredor, se encontram três salas pequenas de apoio comunitário: café, copa e cozinha.

Figura 23: Planta 2° pavimento.

Fonte: Site da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.



            O último pavimento tem área útil de 2.262 m², majoritariamente destinados a salas de aula. São 12 salas de aula, uma sala de coral e um grande auditório, totalizando cerca de 67% desse andar.

Figura 24: Quadro de áreas do 3° pavimento.

Fonte: Site da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.



           No lado esquerdo do pavimento se encontra um banco e no final do corredor ao lado direito do hall de elevadores, duas salas de arquivo.

Figura 25: Planta 3° pavimento.

Fonte: Site da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

           

            Conforme evidenciado, o deslocamento entre andares pode ser feito pelas escadas ou por elevadores, ambos localizados no centro do edifício. O prédio só possui uma lanchonete, localizada no subsolo, e três salas de apoio interligadas no segundo pavimento. Apenas o pavimento térreo e o primeiro pavimento apresentam banheiros com muitas cabines, enquanto os andares 2 e 3 dispõem de banheiros pequenos, localizados nas extremidades do edifício.


ESTÁDIO DO PACAEMBU 

Figura 26: Estádio do Pacaembu.

Fonte: Globo Esporte.


FICHA TÉCNICA 

Nome oficial: Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho 

Local: Praça Charles Miller, Pacaembu, São Paulo - SP 

Ano Projeto: 1934 

Período de construção: 1936 - 1940 

Construção: Escritório Técnico Severo & Villares 

Tipologia de Uso: Esportivo 

Padrão Arquitetônico: Art Déco 

Área do terreno: 75.589 m²  

 

 

HISTÓRIA 

Em 1934 com o objetivo de melhorar a imagem do Brasil no exterior, Getúlio Vargas inaugurou um projeto que demonstraria a força do país através de competições esportivas e atrairia investimentos. A construção do estádio começou em 1936, mas em 1937 com a instauração do Estado Novo os ideais do governo, que focavam no nacionalismo, moldaram o projeto que foi ampliado e aderiu como modelo o Estádio Olímpico de Berlim.  


Figura 27: Estádio Olímpico de Berlim.

Fonte: FuteBlog.


O terreno foi doado pela CIA. City, uma empresa que teve grandes influências no desenvolvimento de São Paulo, na década de 1920 para o estado, o custo de pavimentação ao redor da construção ficou como responsabilidade da empresa, mas ela recebeu partes do gerenciamento técnico e comercial do estádio. 

Embora a demanda da prefeitura de que houvesse um concurso público para a escolha do arquiteto responsável pelo projeto, no final de outubro de 1936, o município fechou um contrato com o Escritório Técnico Severo & Villares, de modo que a obra começou em novembro do mesmo ano. 

O Estádio do Pacaembu já sofreu várias mudanças, desde quando foi construído até os dias atuais. Em 2021, a prefeitura de São Paulo anunciou que será erguido um prédio dentro do espaço do estádio, onde antes ficava o tobogã, o prédio será composto por restaurante, mercado gastronômico, galeria de arte, centro de recuperação física e um hotel de luxo voltado à música. 


Figura 28: Projeto de reforma do Pacaembu.

Fonte: Futeblog.

 

ANÁLISE DA OBRA 

Os primeiros desenhos feitos por Severo em 1934, acompanhavam a topografia do terreno, que era em um vale, sua declividade serviu para posicionar as arquibancadas, que a princípio seriam retas e localizadas nas laterais do estádio, onde foi colocada uma réplica de uma das obras de Michelangelo. O espaço do complexo construído em Art déco era composto totalmente pelo campo de futebol e suas arquibancadas, seguido de um palco que foi nomeado Concha Acústica, que representava bem a simetria e design geométrico do estilo, uma quadra de tênis e uma piscina. Sua fachada, era o elemento mais marcante do desenho, era bem permeável e sem portas, constituída por uma grande marquise e colunas, que traziam a entrada da construção uma harmonização com o horizonte.  


Figura 29: Perspectiva da ideia inicial.

Fonte: Acervo da Biblioteca FAU/USP.


 

A segunda versão a ser feita do projeto mantinha as características prévias, exceto pela adição de seis quadras de tênis descobertas, um ginásio e um salão e pela modificação do formato das arquibancadas, antes retilíneas se tornaram curvas, de modo a ampliar a visão para o campo.  


Figura 30: Planta do Anteprojeto.

Fonte: Acervo da Biblioteca FAU/USP.

 

Na terceira etapa ocorreram várias mudanças no projeto, as quadras de tênis foram reduzidas de seis para somente uma e foi acrescida uma grande arquibancada em volta dela. O escritório Severo Villares realizou as alterações com desenhos sóbrios, sem ornamentos e trazendo unidade em suas formas [Folha de São Paulo, 13 de dezembro de 1994], tendo a fachada como principal exemplo, que foi colocada mais alta e totalmente fechada. Devido a estas mudanças na planta, a obra do estádio foi aumentada, desta forma, a capacidade do estádio se expandiu e as arquibancadas ocuparam três lados do campo de futebol. 


Figura 31: Terceira etapa do projeto.

Fonte: Acervo da Biblioteca FAU/USP. 

 

Já na quarta e última etapa, as quadras de tênis novamente aumentaram, desta vez permaneceram duas, somente uma era coberta e a mudança fez com que a arquibancada fosse reduzida. A fachada se tornou mais permeável e foram adicionadas colunas inspiradas no estádio de Berlim.  Com o governo de Prestes Maia, passaram a ser realizadas mudanças projetuais em algumas obras, em razão de seu grande foco no monumentalismo, é possível confirmar este fato observando o espaço interior do complexo, que foi revestido em mármore, da mesma maneira que foi realizado em outros projetos durante seu mandato. 


Figura 32: Quarta etapa do projeto.

Fonte: Acervo da Biblioteca FAU/USP. 

 

 

A arquibancada norte possui quatro pavimentos por baixo dos assentos, somente um deles é aberto ao público, a escada que leva a arquibancada. Dois deles estão acima da abertura da arquibancada e outro é um túnel no nível abaixo da entrada. 


Figura 33: Corte arquibancada norte.

Fonte: Google Arts & Culture.

  

Por ser diretamente apoiada no talude a arquibancada oeste tem seu anexo parte no subsolo atravessando a Rua Itaí. Ele é composto pelas escadas que conectam a arquibancada ao subsolo, onde está o Salão de Recepção e os bainheiros, há também uma estrutura com escadas que levam ao nível da rua para a entrada. 


Figura 34: Desenho geral das arquibancadas oeste do Estádio.

Fonte: Google Arts & Culture.

 

 

 

VOLUMENTRIA E RÍTMO DOS ELEMENTOS

A estrutura é caracterizada pelo estilo Art Déco, este que era bastante utilizado na arquitetura da época. Os edifícios inspirados neste movimento artístico têm em geral uma pretensão pela simetria, bastante uso de formas geométricas e um design abstrato. Este estilo pode ser visto em inúmeros edifícios pelo mundo, como por exemplo, o Estádio de Berlim, foi uma grande inspiração para a construção do Estádio do Pacaembu, é possível perceber a semelhança observando a presença de torres altas e simetria dos pilares. No lado sul do campo no Estádio do Pacaembu, foi incluído no projeto um local destinado a eventos culturais, este palco foi chamado de Concha Acústica, nele era bem caracterizado o design e simetria da Art Déco. Porém, em 1969, o palco foi demolido e substituído pela arquibancada sul, que recebeu o nome de Tobogã e foi criticado por não acompanhar o estilo de arquitetura do estádio. 


Figura 35: Fachada do anteprojeto.

Fonte: Acervo da Biblioteca FAU/USP. 

 


Figura 36: Concha acústica.

Fonte: Acervo da Biblioteca FAU/USP. 

 

ANÁLISE DO ENTORNO 

Voltando-se para a urbanização presente na área envoltória ao estádio, é possível observar certo planejamento. A CIA City introduziu um padrão conhecido por “bairro-jardim” nas áreas residenciais a fim de aproveitar as qualidades naturais presentes, por exemplo, a vegetação, drenagem e topografia. O projeto especificava recuos frontais especialmente para área verde, muros baixos e vias que melhoravam o trânsito local e conectava-se a praças no interior das quadras. Mas o plano somente foi aprovado em 1923, já que havia legislações que proibiam ruas sem saídas e curvas, e em 1925 os lotes começaram a ser vendidos influenciados pela abertura da Avenida Pacaembu. 

O bairro era inteiramente residencial, o que tornava o estádio o único espaço com uma tipologia diferente, e por ser parte de uma área tombada, ou seja, protegida como patrimônio cultural, não é permitida a verticalização. É uma parte de alto padrão da cidade e por isso recebia mais investimentos de Estado.  


REFERÊNCIAS

ARQUIVO Arq: Estádio do Pacaembu. Disponível em: https://arquivo.arq.br/projetos/estadio-do-pacambu-estadio-municipal-paulo-machado-de-carvalho. Acesso em: 12 abr. 2024. 

 

GOOGLE Arts & Culture: Estádio do Pacaembu. Disponível em: https://artsandculture.google.com/story/pacaembu-museu-do-futebol/awVhOz4JD3BgIg?hl=pt-BR. Acesso em: 12 abr. 2024. 

 

SPDAGAROA: 10 fatos e curiosidades dos 80 anos do estádio do Pacaembu. Disponível em: https://spdagaroa.com.br/80-anos-estadio-do-pacaembu/#google_vignette. Acesso em: 12 abr. 2024. 

 

 


Mapa da Faculdade. Faculdade de Direito - Universidade de São Paulo. Disponível em: https://direito.usp.br/mapa-da-faculdade. Acesso em: 02 maio 2024

Faculdade de Direito da USP. Arquivo Arq. Disponível em: https://arquivo.arq.br/projetos/faculdade-de-direito-da-usp#&gid=1&pid=1. Acesso em: 02 maio 2024


DIOGO, Ricardo. Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto. SIGARRA U.Porto, 2016. Disponível em: https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?p_pagina=antigos%20estudantes%20ilustres%20-%20ricardo%20severo. Acesso em: 05 abr. 2024.


ITAÚ CULTURAL, Editores. Ricardo Severo. Enciclopédia Itaú Cultural, 2017. Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa2664/ricardo-severo. Acesso em: 05 abr. 2024.


ACREVOS da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo: RICARDO SEVERO, 1869-1940. FAUUSP, 2016. Disponível em: https://www.acervos.fau.usp.br/item/13667. Acesso em: 05 abr. 2024.


RICARDO SEVERO. Arquivo Arq, 2024. Disponível em: https://arquivo.arq.br/profissionais/ricardo-severo. Acesso em: 05 abr. 2024.


SILVA, Joana Mello. A construção do nacional: Ricardo Severo e a Campanha de Arte Tradicional no Brasil (1910-1930). SciELO Brasil, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/vh/a/7SbbvnytqbgCz5x8sycwtGh/?lang=pt. Acesso em: 05 abr. 2024.


FACULDADE de Direito da Universidade de São Paulo. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. [São Francisco, CA: Fundação Wikimedia], 2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Faculdade_de_Direito_da_Universidade_de_São_Paulo. Acesso em: 11 abr. 2024.

 

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Pioneirismo e excelência na formação em Direito. São Paulo: Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Disponível em: https://direito.usp.br/historia. Acesso em: 11 abr. 2024.

 

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. A Faculdade de Direito do Largo de São Francisco: Três Fases da sua História. São Paulo: Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Disponível em: https://direito.usp.br/pca/arquivos/90c79706dc2a_03.pdf. Acesso em: 11 abr. 2024.


AUTORES

Júlia Bolina

Júlia Passos

Júlia Fonseca

Lara Baggio

Laura Rodrigues


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