ÉOLO MAIA
- 3 de set. de 2020
- 19 min de leitura
Atualizado: 11 de set. de 2020
Arquiteto pioneiro do pós-modernismo em Minas Gerais.

Éolo Maia. Disponível em: <https://www.ouropreto.com.br/secao/artigo/a-homenagem-hoje-vai-para-eolo-maia-arquiteto-ouropretano>.
Éolo Maia (Ouro Preto, 27 de janeiro de 1942 – Belo Horizonte, 16 de setembro de 2002) foi um arquiteto premiado, conhecido pelo pioneirismo do pós-modernismo arquitetônico em Minas Gerais, graduado pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, onde também lecionou. Éolo, descrito como inventivo e idealista, acreditava em uma cultura brasileira diversificada e, além disso, buscava uma arquitetura genuinamente nacional.
No início de sua carreira são notáveis as influências de Vilanova Artigas, de Le Corbusier e de Louis I. Kahn em suas produções com características modernas. Ainda nessa fase, trabalhou com Artigas e, em Brasília, com João Filgueiras Lima, conhecido como Lelé.
Posteriormente, em conjunto com sua esposa, Jô Vasconcellos, e seu amigo, Sylvio de Podestá, criam o escritório Três Arquitetos e, segundo Santa Cecília (2004), partindo de uma incorporação da crítica pós-moderna junto à produção do pós-guerra na Europa e as colocando no contexto brasileiro, os arquitetos rompem com o modernismo da fase heroica. As antigas influências dão lugar às novas, como Aldo Rossi, Robert Venturi e James Stirling, que exploram em suas obras diferentes formas, cores, volumes e texturas e, assim, se inicia um período marcado por contestações e experimentações em suas criações.

Grupo Três Arquitetos. (Da esquerda para a direita: Éolo Maia Josefina Vasconcellos, Sylvio de Podestá).
Disponível em: <https://www.researchgate.net/figure/Figura-01-Grupo-Tres-Arquitetos-Da-esquerda-para-a-direita-Eolo-Maia-Josefina_fig1_328982185>.
Juntos criam a revista Pampulha (1979 - 1983) que, por tratar de arquitetura, artes plásticas e meio ambiente com bom humor, frescor e tranquilidade, conquistou alunos e arquitetos por todo o país. A revista teve sua importância pois criticava projetos, falava sobre o papel da arquitetura, abria discussões e expunha a realidade das moradias mais pobres, além de trazer entrevistas com grandes nomes, como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. O periódico trouxe muita visibilidade e oportunidades para os arquitetos, que começaram a ser convidados para eventos, como bienais, e a ter seus trabalhos mais difundidos com exposições individuais até fora do Brasil.
Capas da Revista Pampulha.
Disponível em: <https://www.podesta.arq.br/publicacoes/revista-pampulha/revista-pampulha/>.
No decorrer de sua carreira participou de diversos concursos em parceria com outros arquitetos e escultores e essas participações permitiam a exploração de traços mais livres, o uso de novas linguagens e projetos ousados, o que também proporcionou visibilidade para suas criações, que ficaram conhecidas por todo o país.
Na década de 90 até seu falecimento, em 2002, Éolo trabalhou em parceria com Jô Vasconcellos em seu escritório Maia Arquitetos Associados. Sua trajetória foi “marcada pelo posicionamento crítico frente aos problemas da arquitetura e pelo redirecionamento constante de suas matrizes formais”. (SANTA CECÍLIA, 2004, p. 67)Sua atuação foi crucial para a conquista do espaço da arquitetura mineira no cenário brasileiro.

Éolo e Jô em Salvador.
Disponível em: <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.029/737>.
Lista de projetos:
Residência M. T. - Belo Horizonte, MG (1966-67)
Condomínio Tinguá - Belo Horizonte, MG (1968-70)
Viaduto Castelo Branco - Belo Horizonte, MG (1969)
Coautoria do Arq. Alvimar Machado e Arq. Álvaro Hardy
Residência J.H.G. - Belo Horizonte, MG (1969-70)
Colégio Pré-Universitário - Brasília, DF (1970-72)
Coautoria do Arq. Alvimar Machado
Residência C.A. - Belo Horizonte, MG (1971)
Edifício Empresarial Eldorado - Brasília, DF (1972-73)
Coautoria do Arq. Alvimar Machado
Condomínio Sion - Belo Horizonte, MG (1972-73)
Coautoria do Arq. Alvimar Machado
Mercado Distrital do Cruzeiro - Belo Horizonte, MG (1972)
Coautoria do Arq. Alvimar Machado
Residência H.P. - Belo Horizonte, MG (1973-74)
Residência C.L. - Belo Horizonte, MG (1973)
Coautoria do Arq. Alvimar Machado
Condomínio Barca do Sol - Belo Horizonte, MG (1976-78)
Coautoria do Arq. Márcio Lima
Hotel Verdes Mares - Ouro Branco, MG (1976-77)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
Cond. Francisco do Valle - Belo Horizonte, MG (1977-78)
Condomínio Terra Nova - Belo Horizonte, MG (1977-78)
Coautoria do Arq. Márcio Lima
Condomínio Três Pontas - Três Pontas, MG (1977)
Coautoria do Arq. Márcio Lima
Nova Cidade de Ouro Branco - Ouro Branco, MG (1977-78)
Coautoria do Arq. Cuno Roberto Lussy e Arq. Márcio Lima
Capela De Santana Do Pé Do Morro e Restauração da Fazenda Pé do Morro - Ouro Branco, MG (1977-78) - tombados pelo IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
Condomínio Cristal - Belo Horizonte, MG (1978)
Restauração Fazenda das Carreiras - Ouro Branco, MG (1979)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
Capela Santana do Pé do Morro - Ouro Branco, MG (1979-80)
Seis Casa a Baixo Custo - Belo Horizonte, MG (1979-81)
Residência V. A. - Ouro Preto, MG (1979-85)
Residência M.B. - Belo Horizonte, MG (1980)
Apartamentos Prémoldados - Betim, MG (1981)
Escola Primária Vale Verde - Timóteo, MG (1981-84)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Arq. Sylvio de Podestá
Brinquedos Pedagógicos - Belo Horizonte, MG (1981-85)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
Fazenda da Cachoeira - Caeté, MG (1982)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Arq. Lúcia Candiotto
Residência R.O. - Nova Lima, MG (1983-84)
Grupo Escolar Vale Verde - Timóteo, MG (1983-85)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Arq. Sylvio de Podestá
Residência Hélio/Isabel - Belo Horizonte, MG (1983-85)
Residência E.T. - Belo Horizonte, MG (1983)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e colaboração do escultor Roberto Vieira
Grupo Escolar Cachoeira do Vale - Timóteo, MG (1983-85)
Residência do Arcebispo de Mariana - Mariana, MG (1984-87)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Arq. Sylvio de Podestá
Centro de Apoio Turístico - Belo Horizonte, MG (1984-92)
Coautoria do Arq. Sylvio de Podestá
Sítio Barão do Botafogo - Ouro Preto, MG (1986)
Condomínio Ana Paula - Belo Horizonte, MG (1988)
Coautoria do Arq. Sylvio de Podestá
Residência Bira/Liza - Belo Horizonte, MG (1988-94)
Metropolitan Apart-Hotel - Belo Horizonte, MG (1988-90)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Arq. Sylvio de Podestá
Condomínio Officenter - Belo Horizonte, MG (1989)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
Museu de Arte de Belo Horizonte - Belo Horizonte, MG (1989)
Centro Empresarial Raja Gabaglia - Belo Horizonte, MG (1989-93)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
Concurso Reformulação da Rua Carijós – Praça 7 - Belo Horizonte, MG (1990-2003)
Coautoria do Arq. Flávio Grillo e Arq. Jô Vasconcellos
Edifício Fashion Center - Belo Horizonte, MG (1991-95)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
Edifício Le Corbusier - Belo Horizonte, MG (1991-98)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
Revitalização da Praça 7 (Concurso) - Belo Horizonte, MG (1991-2003)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
Anexo PUC - Belo Horizonte, MG (1995-97)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
Academia Wanda Bambirra - Belo Horizonte, MG (1997-98)
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
Projetos para concursos:
(1973-74) Prêmio IABMG 1982 - Residência H.P. - Belo Horizonte, MG
(1976) 1º Lugar no Concurso Sede do Banco de Crédito Real de Minas Gerais - Não construído
Coautoria do Arq. Márcio Lima
(1976-77) Prêmio IABMG 1982 - Hotel Verdes Mares - Ouro Branco, MG
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
(1978) 1º Lugar no Concurso Edifício Sede IAB-MG - Belo Horizonte, MG - Não construído
Coautoria do Arq. Márcio Lima
(1979) Prêmio IABMG 1982 - Restauração Fazenda das Carreiras - Ouro Branco, MG
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
(1981) Menção Honrosa no Concurso Valorização de Pontos Focais em Belo Horizonte. - Belo Horizonte, MG - Não construído
Coautoria do Arq. Maurício Andrés e Arq. Sylvio de Podestá
(1981) 1º Prêmio no Concurso Arquiteto Eduardo Mendes Guimarães - Grupo Escolar Rural - Não construído
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Arq. Sylvio de Podestá
(1981) 1º Prêmio no Concurso Arquiteto Eduardo Mendes Guimarães - Grupo Escolar - Não construído
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Arq. Sylvio de Podestá
(1981) Menção Honrosa no Concurso Arquiteto Eduardo Mendes Guimarães - Grupo Escolar - Não construído
(coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Arq. Sylvio de Podestá
(1981) 5º Lugar no Concurso Parque de Lazer da Gameleira - Belo Horizonte, MG - Não construído
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Arq. Sylvio de Podestá
(1981) Menção Honrosa no Concurso Reforma Teatro Francisco Nunes - Belo Horizonte, MG - Não construído
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Arq. Sylvio de Podestá
(1981-82) Menção Honrosa no Concurso Edifício Sede Sindicado / Casa dos Jornalistas - Belo Horizonte, MG - Não construído
oautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Arq. Sylvio de Podestá
(1983-85) Prêmio Siderbrás em estrutura metálica 1986 - Grupo Escolar Cachoeira do Vale - Timóteo, MG.
(1989-93) 1º Lugar em concurso - Centro Empresarial Raja Gabaglia - Belo Horizonte, MG
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
(1991) 2º Lugar no Concurso Igreja Notre Dame de La Source - França - Não construído
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
(1991- 2003) 1º Lugar no Concurso de Revitalização da Praça 7 - Belo Horizonte, MG
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
(1993) 1º Lugar no Concurso Torre Habitacional com preservação de imóvel - Brasília, DF - Não construído
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
(1994-95) Menção Honrosa no Concurso Centro Cultural Usiminas - Ipatinga, MG - Não construído
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Escultor Thomas Schonauer
(1998) Finalista no Concurso Revitalização do Bairro Hellersdorf - Berlim, Alemanha - Não construído
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos e Escultor Thomas Schonauer
(1999) 1º Prêmio no Concurso Memorial Campo Grande - Campo Grande, MS - Não construído
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
(1999) 1º Prêmio no Concurso Biblioteca de Alfenas - Não construído
Coautoria do Arq. Jacques Tinoco
(2002) 1º Prêmio no Concurso Sede PIC - Belo Horizonte, MG - Não construído
Coautoria da Arq. Jô Vasconcellos
(2002) 1º Prêmio no Concurso Centro de Arte Corpo - Belo Horizonte, MG - Não construído
Coautoria do Arq. Alexandre Brasil, Arq. Carlos Alberto Maciel, Arq. Jô Vasconcellos e do Escultor Amílcar de Castro
OBRAS ANALISADAS
Dentre seus diversos projetos, analisaremos duas obras: a Capela de Santana do Pé do Morro e o Edifício Rainha da Sucata.
Capela de Santana do Pé do Morro

Capela de Santana - Fachada principal - Foto: Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Histórico de Minas Gerais (IEPHA-MG). Disponível em: <http://www.iepha.mg.gov.br/index.php/programas-e-acoes/patrimonio-cultural-protegido/bens-tombados/details/1/114/bens-tombados-conjunto-arquitet%C3%B4nico-e-paisag%C3%ADstico-da-capela-de-santana-e-da-fazenda-p%C3%A9-do-morro>.
A Capela de Santana do Pé do Morro (1978 - 1980) encontra-se em uma fazenda homônima, que se situa em um trecho da Estrada Real que liga a cidade de Ouro Branco a Ouro Preto. A região é conhecida por abrigar um vasto conjunto de construções barrocas, do período colonial, que fazem com que o local tenha uma imensa importância histórica. O conjunto pertenceu à Açominas, empresa responsável à época por sua manutenção, que elaborou um plano diretor com vistas à preservação dos imóveis. Nesse processo, coube a Éolo Maia o projeto de restauro da Fazenda do Pé do Morro, bem como da Fazenda das Carreiras (SANTA CECÍLIA, 2004).
Localizada às margens da histórica Estrada Real, que ligava Diamantina ao litoral brasileiro, a Fazenda do Pé do Morro servia de estalagem para os viajantes, não raro contrabandistas de ouro que desciam a serra de Ouro Branco, passando pelo povoado de Itatiaia. Atendendo aos interesses da proprietária Açominas, a sede da fazenda foi restaurada e transformada em casa de hóspedes da empresa. (SANTA CECÍLIA, 2004, p. 135)

Fachada principal da sede da Fazenda Pé do Morro, onde está localizada a capela. Foto: IEPHA-MG. Disponível em: <http://www.iepha.mg.gov.br/index.php/programas-e-acoes/patrimonio-cultural-protegido/bens-tombados/details/1/114/bens-tombados-conjunto-arquitet%C3%B4nico-e-paisag%C3%ADstico-da-capela-de-santana-e-da-fazenda-p%C3%A9-do-morro>.
O projeto da capela foi elaborado por Éolo Maia em parceria com Jô Vasconcellos. Nele, se entrelaçam uma arquitetura pós-moderna com elementos barrocos, com a manutenção da estrutura de uma ruína que já ali se encontrava; esse entrelace de estilos foi provavelmente fruto da influência que Ouro Preto exerceu na formação de Éolo Maia bem como de seus processos de liberdade de experimentação. O projeto apresenta elementos vernaculares, resultando na ligação direta e informal entre a arquitetura, cultura local e o usuário (SANTA CECÍLIA, 2004).
A capela é a expressão de uma ruptura com as matrizes do modernismo tardio, no sentido de maior liberdade criativa, maiores possibilidades de experimentação das formas, volumes, soluções arquitetônicas. De acordo com Bruno Santa Cecília, “fazendo parte do conjunto de intervenções e restauros elaborados com Jô Vasconcellos para a Fazenda do Pé do Morro, a Capela marca uma ruptura na obra do arquiteto em direção à liberdade de expressão formal e à crítica pós-moderna.” (2004, p. 74). A capela foi pensada para abrigar um conjunto de imagens sacras extremamente valiosas em termos artísticos e históricos.
A solicitação original da empresa é de que no local fosse erigida uma capela em estilo colonial, que se adequasse aos padrões locais. Segundo Santa Cecília (2004), coube à Jô Vasconcellos o encargo de convencer aos contratantes da pertinência de conceber uma intervenção contemporânea, mantendo a integridade histórica e garantindo a criação de uma identidade que se constituiria na distinção entre antigo e novo. De acordo com Bruno Santa Cecília:
Jô esclarece que a matriz conceitual que orientou os trabalhos provinha das recentes experiências internacionais em restauro e intervenções em edificações históricas, que preconizam a manutenção da integridade do objeto histórico. Sua identidade se garantiria através da distinção visual entre o novo e o antigo, como a utilização de materiais contemporâneos e a independência formal das novas estruturas espaciais e suportes a novos usos. (2004, p. 135)
Ficha técnica
● Projeto e construção: 1978 – 1980
● Localização: Fazenda do Pé do Morro, Rodovia MG 129, Km 174 – Estrada Real. Ouro Branco, Minas Gerais.
● Arquiteto: Éolo Maia
● Colaboração: Jô Vasconcellos
● Paisagismo: Jô Vasconcellos
● Área: 293 m²
● Mobiliário: Éolo Maia e Jô Vasconcellos
● Cliente: Siderúrgica Açominas S/A
● Construtora: Comtel
● Implantação: Isolada, situando-se no alto de uma colina

Localização da Capela. Fonte: Google Maps 2020.
Elementos construtivos

Vista lateral da Capela. Foto: IEPHA MG.
Disponível em: <http://www.iepha.mg.gov.br/index.php/programas-e-acoes/patrimonio-cultural-protegido/bens-tombados/details/1/114/bens-tombados-conjunto-arquitet%C3%B4nico-e-paisag%C3%ADstico-da-capela-de-santana-e-da-fazenda-p%C3%A9-do-morro>.
O edifício se localiza acima de uma pequena colina, próximo à sede da Fazenda Pé do Morro. Ruínas remanescentes no local, formadas por três paredes espessas de pedra e barro, foram envolvidas por uma estrutura em aço, vidro e madeira, correspondendo ao altar (2004). A arquiteta Jô Vasconcellos, em relato a Bruno Santa Cecília, considerou que a obra deveria garantir a manutenção das ruínas sem se sobressair a elas. Disso resultou a elaboração de um invólucro simples construtivamente:
De fato, a concepção do altar como elemento gerador do espaço corresponde à sua importância efetiva dentro do rito cristão. Do mesmo modo, as pré-existências físicas identificadas no sítio contribuíram para fixar a implantação do edifício: o antigo acesso à fazenda e um pé de pêssegos que os arquitetos julgaram pertinente preservar. (2004, p. 136)
De estrutura metálica, o edifício usa como elementos estruturais vigas e pilares fazendo uso de uma modulação estrutural cuja lógica construtiva é caracterizada pela repetição sua estrutura autoportante independe dos elementos de vedação; os materiais utilizados se relacionam diretamente com os objetivos da concepção do projeto pelos tons terrosos como a pedra, o barro, a madeira e o aço.

Interior da Capela. Detalhe para a manutenção da estrutura em ruínas que existia no local, onde agora se localiza o altar. Foto: IEPHA - MG. Disponível em: <http://www.iepha.mg.gov.br/index.php/programas-e-acoes/patrimonio-cultural-protegido/bens-tombados/details/1/114/bens-tombados-conjunto-arquitet%C3%B4nico-e-paisag%C3%ADstico-da-capela-de-santana-e-da-fazenda-p%C3%A9-do-morro>.
Implantação, espacialidade e volumetria
Já foi dito da localização da Capela; ela se encontra acima de uma pequena colina, e é constituída por um único volume. Única referência de maior destaque ao seu lado é o cruzeiro, que se encontra ao lado da entrada da construção. A estrutura metálica é fundamental na composição volumétrica do edifício. O espaço interno é fechado e composto em sua espacialidade em respeito à própria configuração de uso religioso e a sacralidade do ambiente também se configura em relação à iluminação natural que permeia a construção.

Foto: Bruno Santana. Disponível em: <https://classicosdaarquitetura.wordpress.com/2014/04/30/capela-de-santana-do-pe-do-morro/#jp-carousel-1627>.

Detalhe para a ruína envolvida pelas estruturas de aço, vidro e ferro. Capela de Santana - Fachada posterior - Foto IEPHA MG. Disponível em: <http://www.iepha.mg.gov.br/index.php/programas-e-acoes/patrimonio-cultural-protegido/bens-tombados/details/1/114/bens-tombados-conjunto-arquitet%C3%B4nico-e-paisag%C3%ADstico-da-capela-de-santana-e-da-fazenda-p%C3%A9-do-morro>.

Situação e Implantação. Fonte: Acervo Jô Vasconcellos. Cortesia Bruno Santa Cecília. Disponível em: <https://classicosdaarquitetura.wordpress.com/2014/04/30/capela-de-santana-do-pe-do-morro/#jp-carousel-1580>.
Planta
A configuração da planta é simples e consiste basicamente em altar e nave. O eixo longitudinal está dividido em três espacialidades, sendo átrio (o espaço coberto que antecede a igreja), espaço onde se encontra o batistério, o couro e também incorpora a entrada, a nave e o altar-mor (2004).

Interior da Capela.
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/601391/classicos-da-arquitetura-capela-de-santana-do-pe-do-morro-eolo-maia-e-jo-vasconcellos>.
Éolo Maia e Jô concordaram que, ao projetarem a capela, levariam em consideração o espaço natural da fazenda e também o monumento da ruína, que foi transformada no altar mor da capela; disso resultou uma estrutura simples, cujo foco principal é a ruína e a natureza em seu entorno. A ideia principal dos arquitetos era que a ruína se sobressaísse ao projeto, resultando em um volume único, que apresentasse uma estrutura formal e simples com dimensões e escalas singulares e que envolvesse o vestígio da antiga construção, de maneira semelhante a um galpão.

Construção da Capela e manutenção da ruína. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/601391/classicos-da-arquitetura-capela-de-santana-do-pe-do-morro-eolo-maia-e-jo-vasconcellos>.
Pode-se observar uma certa influência do modernista Mies Van Der Rohe pelo conceito miesiano que o pavilhão apresenta através do seu volume envidraçado, integrando o projeto à paisagem e relacionando a edificação com a natureza.

Casa Farnsworth de Mies Van Der Rohe. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-40344/classicos-da-arquitetura-casa-farnsworth-mies-van-der-rohe>.

Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/601391/classicos-da-arquitetura-capela-de-santana-do-pe-do-morro-eolo-maia-e-jo-vasconcellos>.
Ao observar seu esqueleto estrutural, podemos distinguir os materiais utilizados em sua construção, como os elementos metálicos verticais e horizontais sobrepostos a um forro um pouco elevado de barro e pedras, denominadas cangas, semelhante às construções encontradas por exemplo em Ouro Preto, Sabará e outras cidades históricas; já as estruturas de madeira e vidro que estão assentadas sobre a estrutura metálica onde em sua parte interior possui um forro em madeira. A cobertura do altar possui certa relevância projetual uma vez que a inclinação que a compõe resulta em volume triangular e marcante. Sua organização espacial é marcada tendo em vista a preservação.

Planta, cortes e elevações. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/601391/classicos-da-arquitetura-capela-de-santana-do-pe-do-morro-eolo-maia-e-jo-vasconcellos/52e2ea06e8e44e1f40000080>.

Planta, cortes e elevações. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/601391/classicos-da-arquitetura-capela-de-santana-do-pe-do-morro-eolo-maia-e-jo-vasconcellos/52e2ea06e8e44e1f40000080>.
Edifício Rainha da Sucata

Edifício Rainha da Sucata.
Disponível em: <https://www.ufmg.br/online/arquivos/Rainha%20da%20Sucata.JPG>
Construído no final dos anos 1980 e inaugurado em 1991, o conhecido Edifício Rainha da Sucata, atual Centro de Informação ao Visitante do Circuito Liberdade e o Hub Minas Digital e antigo Centro de Apoio Turístico Tancredo Neves, de estilo pós-moderno, localiza-se na Avenida Bias Fortes, número 50 com a Praça da Liberdade, no bairro Lourdes em Belo Horizonte-MG.

Localização. Fonte: Google Maps 2020
A obra foi projetada por Éolo Maia e Sylvio de Podestá, com a colaboração de Sheila Viana Cunha, Rubens Gil Gonçalves e Luciene Martins; possui uma área construída de 1.460 m², em um terreno de 620m² (SANTA CECÍLIA, 2009), simbolizando uma das mais distintas arquiteturas pós-modernas em Belo Horizonte devido ao seu uso de materiais tipicamente mineiros – como o quartzito, o aço, cimento, a ardósia e pedra-sabão - , presença de cores chamativas e uso de formas geométricas que aparentemente não combinam entre si. Porém, ainda que possuísse tais inovações, sua altura e volume acompanharam as dimensões dos demais prédios que compõem o conjunto da Praça da Liberdade, propondo um diálogo com esses.
O desenvolvimento deste projeto se inicia não seguindo fielmente o requerimento do governo, o qual apenas encomendava a construção de banheiros que servissem de apoio às feiras que ocorriam nos domingos na Praça da Liberdade. Os arquitetos mineiros acabaram por ir além do pedido e propuseram que, além dos sanitários, instalassem um edifício de três andares: um para o centro turístico, um salão para exposições e outro para a recepção, e, ainda, um subsolo para um anfiteatro coberto, sendo uma continuidade da calçada (PERROTTA-BOSCH, 2017).

Anfiteatro do térreo.
Foto: Marcelo Albuquerque, 2017. Disponível em: <https://historiaartearquitetura.com/2017/11/03/cor-arte-e-arquitetura-rainha-da-sucata/>.
Na época de sua construção e inauguração, destacou-se e diferenciou-se dos outros edifícios, os quais possuíam estilo bastante diferente: o neoclássico e eclético. A reação causada na sociedade foi de repúdio, justamente por ser algo que seus olhos não estavam familiarizados com “tamanha ousadia” (PERROTTA-BOSCH, 2017).
"Um horroroso projeto para o futuro Centro de Informação Turística, a se situar em frente ao Palácio dos Despachos, um verdadeiro terror ‘modernoso’.” As palavras duras da colunista social Anna Marina Siqueira no jornal belo-horizontino Diário da Tarde em 1985 se referiam ao novo edifício construído na Praça da Liberdade, então epicentro político de Minas Gerais. (PERROTTA-BOSCH, 2017)

Edifícios do conjunto arquitetônico da Praça da Liberdade.
Disponível em: < https://desaiaspelomundo.com.br/wp-content/uploads/2018/11/circuito-liberdade-acervo-iepha-3-1200x640.jpg>.
O prédio possui uma fachada principal, de frente da Praça da Liberdade, de chapas metálicas posicionadas simetricamente, arrematada por um arco na parte superior (este uma espécie de releitura da existente no Museu das Minas e do Metal), e uma outra fachada ao fundo com um volume azul arredondado próximo a escada e estampado por um xadrez. Além disso, possui um volume amarelo na fachada principal que abriga uma cabine, e outra coluna marrom, de aço corten, do lado oposto. Possui também uma escultura em forma de uma laranja fatiada, com vários buracos que garantem a ventilação dos banheiros no subsolo, dando o “toque final” à obra inovadora.

Fachada principal, em frente à Praça da Liberdade.
Foto: Marcelo Albuquerque, 2017.
Disponível em: < https://historiaartearquitetura.com/2017/11/03/cor-arte-e-arquitetura-rainha-da-sucata/>.

Fachada dos fundos.
Foto: Izabel Chumbinho.
Disponível em: <https://www.soubh.com.br/agenda/eventos/hackacity-bh>.

Escultura laranja.
Foto: Marcelo Albuquerque, 2017.
Disponível em: < https://historiaartearquitetura.com/2017/11/03/cor-arte-e-arquitetura-rainha-da-sucata/> .
Outrossim, por possuir o conjunto de materiais de aço empregados na fachada e por ser chamado de “prédio maldito”, atiçou a memória daqueles que a viam a relacioná-la com materiais que são rejeitados ou jogados no lixo. Assim, o prédio ficou popularmente conhecido por Rainha da Sucata, remetendo à novela da Rede Globo exibida em 1990. (PERROTTA-BOSCH, 2017).
Maia refletiu sua essência no edifício, sua ousadia, de forma a alterar a cartografia arquitetônica preponderante em Belo Horizonte. O frequente uso de colagens e superposições de elementos arquitetônicos conversam com a superficialidade pós-modernística no Brasil, que procura se distanciar de contextos históricos. O Pós-Modernismo, neste aspecto, colaborou para a quebra de paradigmas e propôs novos ares, apresentou à população novos jeitos e maior liberdade ao se fazer arquitetura e soltou-se das imposições do Modernismo (como monoblocos contínuos e uso tradicional de concreto).
Uma outra característica de Maia era a sua capacidade de assimilar, criativamente, todas as tendências da arquitetura nacional e internacional. Assim, ele misturava em suas obras uma quantidade de elementos plásticos, com muito gosto, obtendo resultados peculiares e atraentes. Resultados que geralmente superavam as respectivas fontes de inspiração. Era nesse aspecto que ele se revelava um grande arquiteto-autor: quando fazia emergir a originalidade da própria criação em meio a tantas influências. (MALARD, 2006)
Ficha técnica:
● Área construída: 1460 m²
● Área do terreno: 620 m²
● Endereço: Praça da Liberdade Belo Horizonte Brasil
● Materialidade: Metal
● Estrutura: Concreto
● Localização: Praça da Liberdade, Belo Horizonte, Brasil
● Implantação no terreno: Isolado
Planta
A planta do edifício sugere um eixo de simetria que, com flexibilidade em sua composição (como a entrada lateral, lavabos e etc.) se mantém por todo edifício. Nas representações do andar inferior é possível observar a composição de uma forma próxima à retangular, de cuja lateral se irradia um anfiteatro em semicírculo acessível pelo exterior do prédio. Na ponta oposta desse anfiteatro, encontra-se um pilar oco que sustenta volumes superiores. O alinhamento do pilar e do anfiteatro reafirmam o eixo de simetria, que se apresenta como organizar e estruturador, apesar da flexibilidade de composição dos espaços internos.

Planta subsolo. Detalhe para os acessos associados ao fluxo do palco do anfiteatro.
Imagem cedida por Bruno Santa Cecília ao site ArchDaily. Disponível em: <www.archdaily.com.br/br/01-15674/classicos-da-arquitetura-museu-de-mineralogia-professor-djalma-guimaraes-eolo-maia-e-sylvio-de-podesta>.
No pavimento cujo acesso se dá através da Praça da Liberdade, podemos observar os acessos externos para o anfiteatro e o acesso principal para o interior do sólido retangular (visível nas fotografias). Também é possível perceber as projeções do sólido (pendendo como uma meia pirâmide invertida) e se apoiando no “pilar”. E, ainda, observar as projeções da fachada de placas metálicas.

Planta pavimento de acesso pela praça. Detalhe para o cômodo interno ao volume do pilar oco. Imagem cedida por Bruno Santa Cecília ao site ArchDaily. Disponível em: <www.archdaily.com.br/br/01-15674/classicos-da-arquitetura-museu-de-mineralogia-professor-djalma-guimaraes-eolo-maia-e-sylvio-de-podesta>.
No sólido que se projeta da lateral, com dois pavimentos, temos a presença de salões, orientados diagonalmente ao eixo. Dentro do espaço oco do pilar está uma instalação para banheiros. No sólido retangular vemos a torre de circulação vertical, centralizada no edifício. Além dela, existem dois salões e nos espaços intermediários encontramos copas, lavabos e outras instalações.


Plantas 1º e 2º pavimentos, respectivamente. Detalhe para o espaço vazio no centro do edifício, conferindo iluminação zenital aos salões e ao anfiteatro.
Imagem cedida por Bruno Santa Cecília ao site ArchDaily. Disponível em: <www.archdaily.com.br/br/01-15674/classicos-da-arquitetura-museu-de-mineralogia-professor-djalma-guimaraes-eolo-maia-e-sylvio-de-podesta>.
Espacialidade
Em sua proposta o edifício buscou a originalidade e a inserção de elementos locais. Isso pode se ver na aplicação de chapas de aço na fachada, na estrutura, a utilização de pedras e outros elementos caracteristicamente mineiros. Esse aspecto relaciona o edifício à noção expandida do lugar que ocupa, explorando elementos e materiais nativos do estado e vinculados com a indústria local. Estas materialidades compõe uma estética pós-moderna, lançando mão de um contraste com o entorno imediato, de característica marcadamente neoclássica. Esse contraste causou estranhamento, mas ao mesmo tempo elevou o edifício ao conhecimento nacional, por sua originalidade e capacidade de captar a atenção em um conturbado cenário urbano. Ainda em sua espacialidade, apesar do contrastante, o edifício não apresenta uma desarmonia com o entorno. Em sua construção foi mantida uma volumetria próxima às edificações da praça, evitando rasgar a linha que eles estabelecem entre si.
Complementarmente, os cortes possibilitam a vista das aberturas verticais, que garantem iluminação zenital da área do anfiteatro e dos corredores internos aos salões. Também podemos observar as escadas, delimitando o eixo de circulação vertical.

Detalhe para o corte dos corredores e caixa de escada.
Imagem cedida por Bruno Santa Cecília ao site ArchDaily. Disponível em: <www.archdaily.com.br/br/01-15674/classicos-da-arquitetura-museu-de-mineralogia-professor-djalma-guimaraes-eolo-maia-e-sylvio-de-podesta>.
O próximo corte mostra outro ângulo da circulação vertical. Além dele, podemos perceber escalonamento, sutil no corte, mas que se configura como elemento marcante da fachada, unindo o volume superior e o anfiteatro.

Detalhe para o corte do terreno e possibilidade de múltiplos acessos.
Imagem cedida por Bruno Santa Cecília ao site ArchDaily. Disponível em: <www.archdaily.com.br/br/01-15674/classicos-da-arquitetura-museu-de-mineralogia-professor-djalma-guimaraes-eolo-maia-e-sylvio-de-podesta>.
Modenatura
O ritmo dos elementos se apresenta de forma muito interessante. Apesar de variarem em cor, textura, material e forma, apresentam grande harmonia e reproduzem certos padrões e ordens. Um exemplo disso é o eixo de simetria estabelecido em planta, observável nos tópicos anteriores. Outro é que o sólido suspenso, que se desdobra como uma meia pirâmide invertida, parece se relacionar com o anfiteatro logo abaixo, dando a impressão de ter sido erguida daquele espaço, gerando dois espaços a partir de um movimento sugerido. Já na fachada, é possível observar elementos quadriculados, organizados a partir de um eixo de simetria e que filtram a iluminação recebida pelo edifício. É interessante observar os desenhos propostos e uma certa semelhança em sua ordenação (apesar de variarem com a dimensão da fachada em que se encontram), conferindo ritmo às diversas visadas da edificação.

Detalhe para a organização das chapas quadriculadas da fachada da praça, cujo desenho se assemelha àquelas da fachada da esquina.
Imagem cedida por Bruno Santa Cecília ao site ArchDaily. Disponível em: <www.archdaily.com.br/br/01-15674/classicos-da-arquitetura-museu-de-mineralogia-professor-djalma-guimaraes-eolo-maia-e-sylvio-de-podesta>.
Um certo ritmo também é sugerido pela composição das lajotas que se assentam na parede anterior ao palco do anfiteatro, que em certas visadas parece se encontrar com a composição das chapas quadriculadas.
Na fachada que dá para a Avenida Bias Fortes encontramos um claro eixo de simetria, que rege a organização dos elementos. Assim temos um sólido centralizado e de extremidades abauladas, que se forma dentro de uma abertura oval na fachada. Nas laterais, duas superfícies com acabamento cerâmico recebem as estreitas janelas do edifício. Estas superfícies são moldadas pelo corpo principal em aço, que é composto por placas cuja disposição confere harmonia e ritmo aos elementos maiores da fachada. O sólido central parece contornado por desenhos que se irradiam no aço, enquanto as superfícies em acabamento cerâmico são contornadas por uma larga quadrícula.
Na parte inferior desta fachada, vemos um acesso ao palco do teatro mais a frente, sugerindo um fluxo na direção do eixo.

Detalhe para a simetria e correlação dos principais elementos da fachada.
Imagem cedida por Bruno Santa Cecília ao site ArchDaily. Disponível em: <www.archdaily.com.br/br/01-15674/classicos-da-arquitetura-museu-de-mineralogia-professor-djalma-guimaraes-eolo-maia-e-sylvio-de-podesta>.
O edifício sofreu diversas restaurações: originalmente, a Rainha da Sucata abrigou o Centro de Apoio Turístico Tancredo Neves para dar suporte a esse setor do estado. Já em 1991, tornou-se o Museu de Mineralogia Professor Djalma Andrade. E, em 2010, transformou-se na sede do Circuito Cultural Praça da Liberdade. Após tantas reformas, hoje é Centro de Informação ao Visitante do Circuito Liberdade e o Hub Minas Digital, abrigando um espaço de café e exposição permanente de tecnologia, sendo um espaço público de atração cultural.
Segundo Jô Vasconcellos, “Ele continua sendo polêmico ainda hoje. Não existe meio termo, as pessoas amam ou odeiam as obras dele (Éolo Maia)”. Assim, embora era de se esperar que, após tanto tempo de inauguração, o estilo pós-moderno das obras de Éolo fossem abraçadas pelo povo, elas continuam chocando e causando polêmica nos cidadãos, o que nos leva a refletir: até onde vai o preconceito arquitetônico e as raízes impregnadas pelos estilo neocolonial e modernista na sociedade? Fica a questão.
Texto por: Cecília Bougleux Michelin Luna, Lorena Andrade de Freitas Silva, Maria
Fernanda Teixeira dos Santos, Pedro Paulo Drumond Almeida e Stephanie
Judie Da Silva Aurichio
REFERÊNCIAS
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