ANTÔNIO JOSÉ LANDI
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BIOGRAFIA
Antônio José Landi nasceu na Itália, na cidade de Bolonha, no ano de 1713, e atuou como desenhista, gravador, arquiteto, astrônomo e professor. No ano de 1730 se formou em Arquitetura e Perspectiva na Academia Clementina de Bolonha. Landi não demorou para mostrar sua competência e logo se destacou, conquistando o segundo e o primeiro lugar no Prêmio Marsigli, em 1732 e 1737, respectivamente. Sua atuação profissional sugere que provavelmente ele tenha frequentado também o Instituto de Ciências de Bolonha, visto que muitos alunos da academia também frequentavam esse instituto. Em 1743, após anos de estudo e reconhecimento, tornou-se professor da própria Academia Clementina.

Em 1750, a Coroa Portuguesa enviou o arquiteto ao Brasil, como integrante de uma missão que tinha o objetivo de aplicar conhecimentos científicos, artísticos e técnicos à organização e modernização das colônias, mais precisamente na região amazônica. Estabelecendo-se em Belém, no estado do Pará, Landi se tornou uma figura central na transformação urbana e arquitetônica da cidade. O arquiteto realizou o projeto de edifícios religiosos civis e também militares, mesclando o barroco tardio italiano com elementos locais, adaptando a arquitetura ao clima e também às características amazônicas.

Antônio Landi deixou sua marca em várias obras importantes realizadas para o governo, como o Palácio dos Governadores — hoje conhecido como Palácio Lauro Sodré — e o Espaço Cultural Casa das Onze Janelas — antigo Hospital Real Militar. Mas seu trabalho foi além da arquitetura: ele também participou do desenho de praças, jardins e outros espaços urbanos, ajudando a moldar o traçado de Belém no século XVIII. Landi tinha grande interesse pela natureza, e isso fez com que ele produzisse desenhos e gravuras que retratavam de forma precisa a fauna, a flora e as paisagens amazônicas, sendo um dos primeiros europeus a registrar visualmente esse território de forma detalhada.
Outro fato curioso é que Landi foi um dos primeiros arquitetos atuantes no Brasil, pois até o século XVIII todos os atuantes na área de projetos e obras no país eram engenheiros formados em Portugal. José Landi teve também trabalhos na área do urbanismo, seus projetos deixaram inúmeros legados técnicos e visuais que até os dias atuais atraem a atenção de pesquisadores da história da arte e da arquitetura luso-brasileira. Alguns estudiosos acreditam que Landi retornou à Europa por volta de 1770 onde participou na reconstrução da Igreja, e, também Convento de Sant'Agostino em Cesena que está de pé até os dias atuais, porém não existem fontes concretas à respeito do seu possível retorno ao continente europeu.
No ano de 1791, José Landi veio a falecer na cidade de Belém do Pará, onde a maior parte de suas obras e legado permanecem vivos. A trajetória de Landi representa a fusão entre o racionalismo da europeu e a realidade tropical colonial brasileira, tornando-o uma figura fundamental na construção da identidade arquitetônica e cultural não só da Amazônia colonial, mas do Brasil inteiro. Seu trabalho ainda hoje é estudado, preservado e valorizado por sua originalidade, sofisticação e importância histórica.
LISTA DE PROJETOS
Igreja de São João Batista – Belém, Pará
Igreja de Sant’Ana – Belém, Pará
Catedral Metropolitana de Nossa Senhora das Graças (Catedral da Sé) – Belém, Pará (Atribuído)
Igreja e Convento das Mercês – Belém, Pará (Atribuído)
Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Igreja Nova do Carmo) – Belém, Pará
Capela da Terceira Ordem do Carmo – Belém, Pará (Atribuído)
Igreja e Convento de Santo Antônio / Capela da Terceira Ordem de São Francisco – Belém, Pará (Atribuído)
Igreja e Colégio de Santo Alexandre – Belém, Pará (Atribuído)
Igreja de Nossa Senhora do Rosário – Belém, Pará (Atribuído)
Palácio dos Governadores (Palácio Lauro Sodré) – Belém, Pará
Casa das Onze Janelas (como hospital militar / adaptação) – Belém, Pará (Atribuído)
Capela Pombo – Belém, Pará (Atribuído)
Igreja de Santana – Belém, Pará
Palácio Antônio Lemos – Belém, Pará (Atribuído)
Arco triunfal em Lisboa dedicado a D. Afonso Henriques – Lisboa (Atribuído)
Desenhos de fachadas, portas e janelas em Bolonha – Itália
Igreja/Convento de Sant’Agostino – Cesena, Itália (Atribuído)
O PALÁCIO DOS GOVERNADORES

INTRODUÇÃO
Durante o período colonial, estruturava-se, às margens da Baía do Guajará, a cidade de Belém do Grão-Pará, sob o domínio da Coroa Portuguesa e a administração reformista do Marquês de Pombal. Nesse contexto, chega à cidade, em 1753, o arquiteto italiano Antônio José Landi (1713–1791), contratado por Portugal para compor a equipe técnico científica responsável por delimitar as fronteiras do território português na colônia, visando melhorar a exploração de recursos naturais e a gestão da região (ALMEIDA, 2000). Sua presença marcou profundamente a construção da imagem urbana e institucional de Belém.
A PRIMEIRA EDIFICAÇÃO E A CHEGADA DE LANDI
Devido ao estado de ruína em que se encontrava a primeira edificação erguida para funcionar como Palácio dos Governadores, durante a administração do Frei Miguel de Bulhões, substituto do governador Mendonça Furtado, foi realizada uma vistoria na edificação. Essa inspeção confirmou a necessidade urgente de escoramentos para evitar o desabamento da estrutura. Em 1757, tornou-se necessária a transferência da administração para uma casa alugada (SANTOS, 2014).
O PROJETO ORIGINAL DE LANDI
Em 1759, o governador do Grão-Pará comunicou à Corte a péssima condição do antigo palácio e solicitou que Antônio José Landi realizasse um novo projeto para a sede do governo. A primeira proposta apresentada por Landi corresponde ao desenho da fachada principal e a um corte transversal da edificação. Neste corte, é possível identificar um pórtico de entrada com um terraço na parte superior, antecedendo a fachada, além de um átrio de acesso principal com cobertura abobadada (ALMEIDA, 2000). A fachada foi concebida de forma simétrica, com dois pavimentos e telhado aparente com beiral, assentado sobre cornija.



REFORMULAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO PALÁCIO
Com a chegada do capitão general Fernando da Costa de Ataíde Teive, sucessor de Mello de Castro, e de posse da aprovação da Corte para a construção do novo Palácio e Residência dos Governadores, foi solicitado um novo projeto ao arquiteto. A Corte recomendou uma “melhor traça” para uma morada que correspondesse à dignidade e ao decoro dos governadores e capitães generais (SANTOS, 2014, p. 53). Em resposta a essa solicitação, em 1767, o projeto anteriormente executado durante a administração de Mello de Castro foi reformulado por Landi. Essa reformulação visava uma monumental edificação, que deu origem à grandiosa escala arquitetônica que o edifício apresenta até os dias atuais (ALMEIDA, 2000).
Sob a direção do mestre de obras Jerônimo da Silva, a construção teve início em 1768. Para viabilizar a nova edificação e seu jardim, foi necessária a aquisição de três edifícios vizinhos. As obras do novo Palácio dos Governadores foram concluídas em 1771, sendo o prédio efetivamente ocupado no ano seguinte, em 1772 (MORAES, 2012).
VOLUMETRIA ANTERIOR À REFORMA DE 1915
A volumetria original do Palácio dos Governadores, conforme idealizada por Antônio José Landi, refletia os princípios da arquitetura iluminista introduzidos no Brasil pela administração pombalina. O projeto apresentava composição simétrica, com dois pavimentos, planta retangular e fachadas planas, marcadas pela repetição modular de vãos e o uso contido de ornamentos. A volumetria se destacava pela horizontalidade e sobriedade, típica da transição do barroco para um neoclassicismo inicial (ALMEIDA, 2000). O edifício possuía uma hierarquia espacial clara, tanto em planta quanto em alçado, com destaque para o eixo central da fachada principal, onde se localizava o pórtico de entrada com terraço superior e átrio com cobertura abobadada.
Essa estrutura formal estava alinhada aos ideais de funcionalidade, simetria e racionalidade que pautavam a arquitetura administrativa do Império Português na segunda metade do século XVIII, sobretudo após o terremoto de Lisboa (1755), que influenciou profundamente as normas construtivas metropolitanas. A monumentalidade da edificação projetada por Landi simbolizava o poder da Coroa na região amazônica e a centralização administrativa pretendida pela reforma pombalina (FONSECA, 1997).
No início do século XIX, mesmo com as transformações políticas que levaram à independência do Brasil e ao surgimento do Estado Imperial, a edificação manteve sua forma original, representando a continuidade simbólica do poder. A volumetria permaneceu inalterada até as primeiras décadas do século XX, quando novas demandas estéticas e institucionais levaram à intervenção reformista de 1915. Essa reforma rompeu com a sobriedade original de Landi, alterando significativamente a leitura da volumetria externa e de seus elementos compositivos (SANTOS, 2014).
A REFORMA DE 1915 E AS TRANSFORMAÇÕES DO SÉCULO XX
Em 1915, o Palácio dos Governadores passou por uma significativa reforma, com o objetivo de modernizar sua estrutura e adaptá-la às exigências da República. Essa intervenção modificou diversos aspectos do projeto original, incluindo a substituição de esquadrias, revestimentos e a inserção de elementos decorativos de caráter eclético. Conforme Santos (2014), tais alterações buscaram representar o novo regime republicano e atualizar esteticamente a edificação.
Nos dias atuais, o edifício apresenta uma composição que une elementos do século XVIII e transformações características do século XX. Observam-se frisos e adornos ecléticos, alterações nas janelas e portas, uso de materiais industrializados e reformas funcionais em seus interiores (FONSECA, 1997). Forros de gesso, sistemas de iluminação elétrica e divisões internas adaptadas ao uso museológico são exemplos dessas modificações. Essas intervenções consolidam o palácio como patrimônio histórico vivo, representando diferentes fases políticas e estilísticas da história do Pará.
ANÁLISE COMPARATIVA DAS PLANTAS ANTES E DEPOIS DA REFORMA DE 1915
A análise das plantas arquitetônicas do Palácio dos Governadores, antes da reforma de 1915, revela um projeto marcado pela regularidade geométrica e pela funcionalidade dos espaços. A planta original, concebida por Landi, organizava-se de forma simétrica em torno de um eixo central que estruturava os ambientes principais da edificação. No pavimento térreo, concentravam-se as áreas de recepção, serviços e circulação. No pavimento superior, estavam dispostos os espaços destinados à administração, à moradia do governador e às funções cerimoniais (ALMEIDA, 2000).
Segundo Moraes (2012), às plantas evidenciam uma composição racional de espaços, com ambientes amplos, bem ventilados e iluminados por vãos regulares nas fachadas. A escada central em formato de “L” permitia o acesso direto à ala superior, reforçando a hierarquia espacial e simbólica do edifício. O átrio coberto por abóbada na entrada principal conectava as circulações transversais e reforçava o caráter de monumentalidade, mesmo em uma planta de proporções simples.
Com a reforma de 1915, essa lógica de organização interna foi alterada para atender às novas exigências institucionais e às mudanças de uso do espaço público. Houve subdivisão de ambientes internos, inserção de novos elementos de circulação vertical, mudanças nas tipologias das esquadrias internas e readequação funcional de algumas alas, especialmente aquelas voltadas para atividades administrativas. A simetria e a fluidez dos espaços originais foram, em parte, comprometidas por intervenções que buscavam modernização funcional, mas desconsideravam a integridade do projeto original (SANTOS, 2014).
Além disso, os registros das plantas após a reforma indicam o acréscimo de anexos nos fundos do edifício, modificação de corredores e instalação de sistemas técnicos (como rede elétrica e hidráulica) que exigiram intervenções estruturais pontuais. Embora essas mudanças tenham contribuído para a permanência do edifício como sede administrativa, elas marcaram uma ruptura com a pureza formal do projeto setecentista.
Segundo Fonseca (1997), "as alterações funcionais necessárias à sobrevivência de edifícios históricos muitas vezes implicam em negociações entre preservação e adaptação", o que parece ter ocorrido no caso do Palácio dos Governadores. Assim, o edifício passou a incorporar uma nova camada histórica, refletida tanto na sua volumetria quanto na distribuição interna dos espaços, articulando-se com a transição do poder colonial para o republicano no espaço edificado.



CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atuação de Antônio José Landi em Belém do Grão-Pará foi decisiva para a redefinição do espaço urbano e institucional da cidade. Sua contribuição à reestruturação do Palácio dos Governadores evidencia não apenas sua capacidade técnica, mas também a sensibilidade artística ao adaptar modelos europeus ao contexto amazônico. A reforma de 1915 e as características incorporadas no século XX reafirmam a importância do edifício como símbolo do poder e da identidade cultural paraense, integrando passado e presente na paisagem urbana de Belém.
A CASA DAS ONZE JANELAS

ORIGEM E FUNÇÃO RESIDENCIAL
Já em 1754, a planta da capital belenense já apresentava uma casa de dois andares com seis janelas e mansarda. Este mesmo projeto só foi construído na metade do século XVII e originalmente chamado de “Palacete das Onze Janelas”, sendo a residência de um rico senhor de engenho de açúcar e mestre de obras, Domingos da Costa Bacelar.
TRANSFORMAÇÃO EM HOSPITAL MILITAR E INTERVENÇÃO DE LANDI
Com a carência de alocação dos doentes da região, no ano de 1768, a casa de Bacelar foi comprada pelo governador do Grão-Pará, Ataíde Teive e adaptada para servir de instalação hospitalar, cujo projeto de adaptação ficou a cargo do arquiteto italiano, Antônio José Landi, que transformou a residência em um edifício hospitalar com a inserção de elementos inovadores, como uma varanda com vista para o rio Guajará, uma das paisagens mais belas de Belém. Assim, o antigo palacete passou a ser chamado de “Hospital Real Militar”.

USO MILITAR E RELAÇÃO COM A DITADURA
Até o ano de 1870, o edifício funcionou como hospital militar, sendo logo modificado para outras atividades militares, abrigando o Corpo da Guarda e a Subsistência do Exército até o final do século XX. Durante o período da ditadura militar (1964–1985), o prédio foi usado como sede da 5º Companhia de Guardas do Exército, sofrendo uma readaptação para ser usado como local de encarceramento e tortura de presos políticos — Especialmente estudantes universitários e opositores ao regime.

APAGAMENTO HISTÓRICO E TESTEMUNHOS DA REPRESSÃO
Embora as fontes oficiais não mencionem o envolvimento do local com a ditadura, memórias e entrevistas de ex-presos políticos apontam o uso repressivo do edifício. Os relatos de João de Jesus Paes Loureiro, Pedro Galvão de Lima, José Seráfico e Aluízio Lins Leal indicaram a precariedade das celas improvisadas, dos interrogatórios e da vigilância constante, pois não era um ambiente concebido para abrigar presos civis.
Todos esses testemunhos, foram reunidos e analisados no artigo Arqueologia da Repressão e da Resistência: materialidades e memórias da Casa das Onze Janelas no contexto da ditadura militar em Belém/PA (LINO; ANDRADE, 2023), que denunciou a ausência de qualquer memorial desse período como um claro apagamento e silenciamento histórico, fato intensificado pela posse do casarão ainda pertencer ao exército. Por conseguinte, para evidenciar essa relação, uma corveta militar fica atracada em frente ao museu, como símbolo de uma história que não interessa ser contada.


REVITALIZAÇÃO E INSERÇÃO NO PROJETO FELIZ LUSITÂNIA
Com o passar do tempo, o Centro Histórico de Belém passou por novas transformações de revitalização e preservação do patrimônio cultural e paisagístico, em um projeto denominado Feliz Lusitânia. Nesse contexto, em 2002, a antiga residência de Bacelar que havia se tornado hospital, foi restaurada e recebeu oficialmente o nome de “Casa das Onze Janelas” - uma nomeação muito utilizada desde seus tempos coloniais.

FUNÇÃO MUSEOLÓGICA E VALORIZAÇÃO DA ARTE LOCAL
Atualmente, o Espaço Cultural Casa das Onze Janelas se tornou um espaço museológico para a arte moderna e contemporânea, realçando o teor cultural dos artistas locais. Em seu acervo, destacam-se a “Coleção Funarte”, oriunda dos Salões Nacionais de Arte e a coleção “Fotografia Paraense Panorama 80/90”, ambas deram origem ao acervo inicial do recinto.

LOCALIZAÇÃO E RELAÇÃO COM O ENTORNO URBANO
Essa função museológica se destaca ainda mais pela localização do edifício. Situado no bairro da Cidade Velha, às margens do rio Guajará, seu entorno é integrado por diversos outros aparatos culturais, como o Forte do Castelo, a Catedral da Sé e o Museu de Arte Sacra do Pará, que juntos formam o conjunto da Feliz Lusitânia, primeiro núcleo de formação urbana de Belém. Ademais, a declividade do lote em relação à orla harmoniza com jardins e áreas de circulação ao redor, associadamente com outros elementos urbanísticos, como uma ampla praça, uma escadaria monumental, varandas com acesso à baía e o navio Corveta, ressaltando ainda mais a inter relação do lugar com sua paisagem natural.

ARQUITETURA, VOLUMETRIA E ORGANIZAÇÃO INTERNA
A configuração volumétrica da Casa das Onze Janelas é bastante simétrica e regular e se resume em uma planta em formato de “L” no eixo longitudinal, uma das características da arquitetura luso-brasileira colonial. O prédio possui dois pavimentos principais e conta com uma mansarda sob uma cobertura de telhado de quatro águas, com peças cerâmicas e estrutura em madeira. A fachada posterior de frente para o rio, é composta por uma simetria de onze janelas de vergas curvas, o que originaram seu nome popular. No térreo, onde antes funcionavam os espaços de serviço, localiza-se hoje a sala Ruy Madeira, destinada à exposição de obras com longa duração. Já no primeiro pavimento, antes reservado aos ambientes nobres da residência, ficam atualmente as salas expositivas Valdir Sarubbi, Gratuliano Bibas e o Laboratório das Artes, destinadas respectivamente a grandes exposições, parcerias e experimentações artísticas. A mansarda tem uso técnico restrito. Em seu interior, destacam-se os pisos em pedra lioz e ladrilhos hidráulicos, a escadaria de madeira central e a circulação em corredor longitudinal.

A LINGUAGEM NEOCLÁSSICA DO EDIFÍCIO INTRODUZIDA POR LANDI
Ao longo do tempo, principalmente com a intervenção do arquiteto Antônio Landi, o prédio incorporou elementos do repertório neoclássico europeu, uma novidade para a arquitetura brasileira da época, do qual se tinha o barroco como estilo predominante. A organização axial das fachadas, a presença de pilastras decorativas, o uso de frontões em algumas aberturas e as colunatas na varanda posterior reforçam a influência desse estilo proposto por Landi. A simetria rigorosa, a sobriedade ornamental e a proporção harmoniosa dos vãos alinham a construção com os princípios de racionalidade e ordem neoclassicista, antecipando uma estética que só se consolidou nacionalmente a partir do século XIX.


ARQUITETURA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO EM BELÉM
Portanto, a Casa das Onze Janelas é um marco no início da arquitetura neoclássica no Brasil, as intervenções do senão primeiro arquiteto do Brasil, Antônio Landi, transformaram o que antes era uma simples residência colonial, em um palacete de uso institucional, com diversas camadas históricas e simbólicas. Sua construção não apenas representa uma relação íntima entre a arquitetura, memória, poder e identidade, mas também reforça a importância de se preservar, compreender e reconhecer as narrativas que moldam a história urbana de Belém.
CONCLUSÃO FINAL
Logo, a trajetória do arquiteto Antônio Landi no brasil, ressignificou a arquitetura nacional, especialmente nas regiões amazônicas, revelando um legado que moldou não só uma nova técnica, mas também paisagens e práticas urbanas, instituindo assim, uma nova linguagem estética neoclássica que procedeu o barroco no país. Suas obras em Belém do Pará, como o Palácio dos Governadores e a Casa das Onze Janelas, é um exemplo claro da integração entre o racionalismo europeu e a realidade brasileira tropical, adequando os projetos para um olhar perceptível da beleza adaptada ao clima amazônico. Hoje, suas construções permanecem como memória viva dos tempos coloniais, como símbolo de transformações políticas, sociais e culturais. Compreender, analisar e preservar esse patrimônio é uma forma de valorizar a história da arquitetura brasileira e da memória urbana de Belém.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Alba. Antônio Landi e a Arquitetura na Amazônia. Belém: SECULT, 2000.
FONSECA, Maria Cecília Londres. O Patrimônio em Processo: Trajetória da Política Federal de Preservação no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ/IPHAN, 1997.
MORAES, Luciana Pessôa de. Arquitetura e Urbanismo em Belém: Uma Leitura Histórica. Belém: EDUFPA, 2012.
SANTOS, Maria José dos. “Reformas Arquitetônicas no Palácio dos Governadores: da Colônia à República”. Revista Patrimônio e Memória, v. 10, n. 1, p. 45–67, 2014.
POR Toda Belém, Palacete das Onze Janelas. Disponível em: http://belemdeaaz.blogspot.com.br/2011/10/palacete-das-onze-janelas_25.html
POR Todos os Lados, Casa das Onze Janelas em Belém. Disponível em: http://portodososlados.wordpress.com/2011/06/10/casa-das-onze-janelas/
PERCORRENDO BELÉM. Visita à Casa das Onze Janelas – período colonial. Blogspot, 15 jan. 2014. Disponível em: https://percorrendobelem.blogspot.com/2014/01/visita-casa-das-onze-janelas-periodo.html
PARÁ. Secretaria de Estado de Cultura. Espaço Cultural Casa das Onze Janelas. Museus do Pará, [s.d.]. Disponível em: https://museus.pa.gov.br/museus/6/espao-cultural-casa-das-onze-janelas.
BELÉM (Município). Casa das Onze Janelas. Prefeitura Municipal de Belém, [s.d.]. Disponível em: http://www.belem.pa.gov.br/ver-belem/detalhe.php?i=1&p=343.
LINO, Beatriz Damasceno Baltazar; ANDRADE, Marcela Nogueira de. Arqueologia da repressão e da resistência: materialidades e memórias da Casa das Onze Janelas no contexto da ditadura militar em Belém/PA. Revista Arqueologia Pública, v. 18, 2023. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/373890751
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FONTES DAS IMAGENS
Figura: Blog Porta-Retrato, 2020.
Figura: Wikipedia, 2025.
Figura: Assembleia Legislativa do Estado do Pará, 2022.
Figura: Assembleia Legislativa do Estado do Pará, 2022.
Figura: Associação Casa Senhorial, 2025.
Figura: Associação Casa Senhorial, 2025.
Figura: Associação Casa Senhorial, 2025.
Figura: AGÊNCIA PARÁ, 2021.
Figura: AGÊNCIA PARÁ, 2021.
Figura: Associação Casa Senhorial, 2025.
Figura: ROSADA, MATEUS. Feliz Lusitânia. 2025.
Figura: Blog Percorrendo a história da arquitetura de Belém, 2014.
Figura: Blog Percorrendo a história da arquitetura de Belém, 2014.
Figura: LINO; ANDRADE. Revista Arqueologia Pública, 2023.
Figura: LINO; ANDRADE. Revista Arqueologia Pública, 2023.
Figura: OLIVEIRA, Redação Integrada. Complexo Feliz Lusitânia. O Liberal, 2020.
Figura: SECULT. Exposições. Museu do Estado do Pará, 2025.
Figura: DREAMSTIME. Feliz Lusitânia, Belém, Pará. 2025.
Figura: DREAMSTIME. Feliz Lusitânia, Belém, Pará. 2025.
Figura: G1 Pará, Belém, 8 out. 2019.
Figura: PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM. Casa das Onze Janelas, 2025.
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